domingo, fevereiro 26, 2012

Só Pra Lembrar: Mike Stern – Praça Floriano Peixoto, Belo Horizonte 09/09/2011


                                         

Anunciado sem nenhum alarde, fiquei sabendo através de uma notinha de jornal que o jazzista norte-americano Mike Stern, um dos meus guitarristas prediletos tocaria numa praça pública aqui em Belo Horizonte como convidado do Trio Corrente.  O tipo de show que não dá nem para pensar em perder. Como tinha um tempo livre entre o fim do expediente de trabalho e o show, fui mais cedo para o local para encontrar com um amigo. Chegando lá vi de longe que tinham alguns músicos no palco passando o som assistidos por uma meia dúzia de pessoas, entre elas, meu amigo Evandro Viana. No palco já estava o próprio Mike Stern, tranquilão com aquele seu sorriso típico de boas-vindas ao lado dos integrantes do Trio Corrente, Fábio Torres (piano), Paulo Paulelli (baixo) e Edu Ribeiro (bateria).  Algo não ia bem, havia um problema com as caixas do PA que estavam sem som, em meio ao movimento dos técnicos que apressavam em tentar ajeitar as coisas, os músicos arriscavam umas notinhas, trechos de uma música ou outra, rolou uma versão “tímida” de “Wave” do Tom Jobim. As coisas pareciam que não iriam se ajustar, apesar da aparente tranqüilidade dos músicos no palco. Mike acabou tomando a frente na regulagem e foi o responsável pelo ótimo som que rolou durante a apresentação, do palco ele pedia alguns toques para as pessoas que estavam lá acompanhando a passagem, entre elas eu, perguntando como estava o som da guitarra, se dava para ouvir o piano. De repente, eu estava ali ajudando um dos músicos que mais admiro a passar o som. Quase duas horas de “aula-extra” vendo (ouvindo) o cara regular o som da banda, timbrar sua guitarra, tocando umas frases aleatórias à procura do som ideal que ficou exatamente como se ouve nas suas gravações com aquele chorus inconfundível.

Na hora do show a praça ficou lotada, Mike Stern desceu para assistir da platéia a abertura feita só pelo trio que depois o chamou ao palco para uma performance arrasadora (que pude conferir da primeira fila) numa mistura de jazz e chorinho muito explorada pelo Trio Corrente com o fusion de “pegada” rock feito pelo guitarrista. Não é todo dia que rola um programa assim quase ao acaso, show no fim do dia numa praça em pleno meio de semana. Com meu inglês escalafobético troquei umas palavras com Mr. Stern antes do show confirmando a minha visão dele como um cara gente finíssima, comentei que já tinha visto um show seu aqui mesmo em BH em 1999 e consegui a proeza de esquecer como se dizia “mesmo” em inglês. Cheguei em casa e pensei seriamente em copiar a palavra cem vezes numa folha de papel: SAME, SAME, SAME, SAME, SAME...



Dá para ver pela imagem no alto que eu ainda não aprendi a fotografar (e a câmera do telemóvel não ajuda muito); na foto debaixo, clicados por Evandro Viana, eu e Mike Stern que todo simpático pediu para ver a imagem que considerou “a good picture!”.


Aos leitores deixo indicados dois discos brilhantes de Mike Stern, Give And Take (1997) e Voices (2001).






sábado, fevereiro 18, 2012

Só Pra Lembrar: Paul McCartney - Engenhão, Rio de Janeiro 22 e 23/05/2011



Para quem chegou a pensar, embora sem perder as esperanças jamais, que não veria um show do cara, assistir ao concerto do dia 21 de novembro de 2010 em São Paulo (considerado por ele como um dos melhores de sua carreira) e ainda ver mais dois shows do Paul no Rio de Janeiro em 2011 foi uma benção sem tamanho, até porque estar no Rio já me faz sentir bem por si só. Um lance que eu gosto muito em shows assim é aquele clima de concentração na porta antes da abertura dos portões, mas não pense que eu durmo ou fico mofando na fila, costumo simplesmente chegar um pouco mais cedo e ficar tomando minha cervejinha tranquilamente em volta do local curtindo o ambiente e trombando com gente bacana.

Não me recordo de ter assistido antes dois shows de um mesmo artista duas noites seguidas e três de uma mesma turnê também foi algo inédito para mim. No primeiro dia vi o show da pista prime, é um forte impacto ter o cara ali na sua frente a tão poucos metros, não pela simples questão de idolatria ou endeusamento da figura humana, por mais que isso possa ser clichê, a sensação é contrária, faz sentir que se trata de um cara “normal", embora ele seja um tipo de pessoa que desenvolveu uma capacidade de desempenhar sua função de tal maneira que é capaz de comover a todos ou quase todos que cruzam com sua arte. O show? Irretocável! Quanto ao setlist, as únicas mudanças em relação ao primeiro show de Sampa em 2010 foram a abertura com “Hello Goodbye” e a ausência de “My Love” e “Highway” (caso queira relembrar o setlist completo, confira na postagem sobre o show de São Paulo aqui). Eu que era o único da minha turma que não havia ido às lágrimas no show do Morumbi, chorei quase uma Baia da Guanabara inteira quando começou o solo de “Something” e só consegui parar no fim da música seguinte, “Band On The Run”. Outro momento especial foi quando uma guria me pediu para ajudá-la a distribuir entre o público uma pilha de papéis com a inscrição “NA” durante a música “Hey Jude” e que todos exibiram enquanto cantavam o refrão final da canção, a surpresa emocionou o velho Paulie e banda. Além dele comentar na hora que aquilo havia sido muito legal, essa é a imagem que representa esse show em seu site oficial e está reproduzida aqui embaixo.


O segundo show eu vi da pista comum e por ali o clima é de fato mais Rock´n´Roll, foi um show mais para esbaldar e cantar desafinado (porque no peito dos desafinados também bate um coração e o tom do Paul é um bocado alto para mim). As cinco surpresas do setlist deram uma empolgação extra, “Magical Mystery Tour” na abertura, “Coming Up”, “Got To Get You Into My Life”, “I’m Looking Through You”, mas o ápice mesmo se deu com a inesperada “I Saw Her Standing There” no bis. Caramba! Vai ter bala na agulha assim lá longe!

Abaixo, alguns flashes especiais para mim, em palavras e fotos:

1. O clima pré-show nos arredores do Engenhão.
2. Paul chegando para a passagem de som e;
3. ...tocando "Ebony and Ivory" durante a passagem.
4. Uma linda bandeira do Cruzeiro Esporte Clube na arquibancada.
5. Uma menina de Minas pedindo para tirar uma foto comigo por conta da camisa do Roberto Carlos que eu estava usando no primeiro dia.
6. Uma simpaticíssima carioca achando que eu também era carioca porque segundo ela eu era a cara do Rio de Janeiro (espero que seja no que a cidade tem de melhor, hehe) e perguntando onde conseguia uma camisa do Roberto Carlos igual à minha. Robertão continua sendo o Rei da Juventude também.
7. A presença dos parceiros de Rock e copo, André, Daniel, Eduardo, Elisa e Francisco.


Fotos: 1 e 2 site paulmccartney.com. 3 montagem: em frente ao Hotel Copacabana Palace com André e o Paul de Olinda; dia 22/05 com André, Elisa e Francisco; todas as cores da paisagem da cidade que é muito mais bonita e muito mais intensa do que num cartão postal; dia 23/05 com Eduardo; visão do palco; a bandeira azul e branco na sacada em frente ao palco; cartaz dos shows e pôster de boas-vindas ao mestre.




sábado, fevereiro 11, 2012

Só Pra Lembrar: Nei Lisboa – Teatro Renascença, Porto Alegre 18/01/2011




Eu costumo manter pequenos diários de trabalho e de viagem eventualmente. No caso de alguns trabalhos específicos como produção de eventos e gravações a idéia é ter um guia do que foi feito, o período gasto para a realização da empreitada e ainda um relatório de erros e acertos. Já em relação às viagens acho que isso se deu por influência dos livros “Diário de Viagem” de Albert Camus e “Pequenas Alegrias” de Hermann Hesse. E a coisa funciona bem, normalmente essas simples anotações me trazem muito mais lembranças do que fotos ou souvenirs. Dessa vez para comentar sobre um show do Nei Lisboa em janeiro de 2011 procurei umas dessas anotações feitas durante uma viagem a Porto Alegre e ao invés de escrever uma resenha resolvi postar o que escrevi no quarto de hotel ao chegar do show numa noite agradável (suportável) de segunda-feira de verão (quente, quente, quente...aliás, saudades de “Forno” Alegre).

“Show do Nei Lisboa, Teatro Renascença lotado. Jogar em casa normalmente é garantia de casa cheia. Infelizmente no show dele em BH no ano passado pelo que eu acredito ter sido resultado de uma má divulgação, a platéia era formada por cerca de apenas 30 pessoas naquele que foi seu primeiro show na capital mineira, parte dessa mesma turnê intitulada “Vapor da Estação” celebrando seus 30 anos de carreira. Durante o show, Nei que estava fazendo aniversário recebeu um bolo trazido por sua filhinha Maria Clara. Ótimo show, a banda é realmente muito boa. Fiquei na primeira fila bem na posição central. Assim como em BH tive a oportunidade de levar um dedo de prosa novamente com ele no final do espetáculo. Durante a conversa me apresentei como um dos dois loucos (o outro era meu amigo Rodrigo “Cassandra”) que ficaram cantando alto e “interagindo” com ele durante todo o show dele na cidade. Nei se lembrou que eu havia comentado com ele sobre sua música intitulada “Me Chama de Robert”, expliquei que me identifiquei com a música antes mesmo de saber qual era o título que por coincidência levava meu nome e perguntei a origem do “Robert” como gíria, ele explicou que o tal Robert da canção se tratava de um americano que morou em Porto Alegre e depois de tomar um porre saiu bêbado cismando que era “o tal” e falando as bobagens da letra. A brincadeira durou cerca de um mês e depois ficou esquecida quando o gringo foi embora. Disse ao Nei que era uma gíria nacional. Descobri isso num show meu quando um integrante de uma banda amiga subiu ao palco para uma participação e uns amigos dele ficaram zoando chamando-o de “Robert”, sem entender nada, fui saber depois que se tratava de uma gíria para pessoas que gostam de “aparecer”. Já tinha ouvido a gíria também no programa Pânico na TV. Nei achou engraçado e curioso que usassem isso e disse que nasceu dessa turma dele, no entanto até hoje não sei se a origem é a mesma. “Convidei-o” para retornar à BH. O show fez parte de uma temporada que ele costuma fazer em Porto Alegre durante o mês de janeiro tocando no Teatro Renascença”.

Só na hora de preparar o post é que me dei conta que falei mais sobre a música do que o show em si. Mas a intenção era registrar o feeling do momento. Segue a letra com a qual me identifico pela brincadeira e não pela pretensão que ela sugere em tom irônico (é bom deixar isso claro), assim como o texto em terceira pessoa à la Edson Arantes do Nascimento falando do Pelé que consta no meu perfil:

Me chama de Robert (Nei Lisboa)
Quando bebo, bebo até cair
Quando fumo, viro chaminé
Quando faço amor eu quero mais
Quando jogo bola, sou Pelé
Sou fomão
Eu quero, quero, quero, quero
Quero tudo prá mim
Quero mel
É meu, é mel, é meu, é mel
É meu mel
Eu confesso, eu quero é sucesso
Eu me entorto, depois passo mal
Eu me atrolho, depois pago o preço
Eu mereço
Eu sei que sou
Que eu sei que sou
Que eu sei que sou
A mãe do Brasil
Na dedicatória na capa do CD, o Nei escreveu: “Super abraço, Pelé!”. Achei bacana isso, só espero que ele não tenha pensando que eu levo essa estória da música (tão) a sério.

Nas fotos: Nei Lisboa em ação no palco e ao lado comigo e minha amiga e guia (cultural) em Porto Alegre, Jessica. 

sábado, fevereiro 04, 2012

Leitores anônimos




Desde que a plataforma do blogspot passou a disponibilizar um recurso de estatísticas que mostram as visitas ao blog criei o hábito de conferir os acessos após cada nova postagem, o que acabou revelando um número inesperado de visitas. A julgar pelos comentários sempre presentes do meu amigo Baratta e eventualmente de outros amigos quando mando o link de alguma postagem específica que possa interessar-lhes, não pensei que tivesse muitos outros leitores. Não sei se esses visitantes anônimos que têm entrado no blog são realmente leitores do rockngeral ou só caíram aqui casualmente e saíram sem ler, pois eu mesmo costumo dar um giro por outros blogs (alguns eu leio,outros não) nos quais não comento e nem estão na lista de favoritos da minha página. O também novo recurso de clicar no link que direciona aleatoriamente para um próximo blog que aparece no alto da página, responderia por uma parte dos acessos, porém esse link abre o blog na postagem atual e boa parte das postagens antigas também têm sido visitadas constantemente.

A princípio fiquei curioso em saber quem seriam essas pessoas até porque as tais estatísticas apontam certo número de pessoas nos EUA e na Alemanha (?!) que acessam o rockngeral. Brazucas que moram por lá? Nativos que entram acidentalmente e provavelmente sem saber português não lêem nada? Isso se mantém fora do meu alcance e pensando no que acontece com escritores que não sabem exatamente quem são seus leitores resolvi relaxar e simplesmente manter meu prazer que tem sido escrever sobre música através de resenhas de discos, shows e livros com um enfoque crítico, mas me inserindo quase que involuntariamente (inevitavelmente) nos contextos e de tabela falar um pouco sobre o cotidiano também. De qualquer forma, se algum dos anônimos quiser se manifestar fique à vontade. Let's Rock!...'n Geral.