sábado, março 31, 2012

Só Pra Lembrar: Ringo Starr and His All-Star Band, Chevrolet Hall – BH 16/11/2011



O ano de 2011 rendeu vários grandes shows em território brasileiro dos quais tive a oportunidade de ver alguns já citados nessa série intitulada Só Pra Lembrar, a fartura foi tanta que até Belo Horizonte foi premiada com a presença de Ringo Starr com mais uma encarnação da sua All-Starr Band. A formação atual conta com Rick Derringer (ex-McCoys) e Wally Palmar (ex-The Romantics) nas guitarras, Edgar Winter e Gary Wright (ex-Spooky Tooth) nos teclados, Richard Page (ex-Mr. Mister) no baixo, Gregg Bissonette (ex-David Lee Roth) na bateria e Mark Rivera (sideman/Billy Joel, Tony Bennet, entre outros) no sax, a décima primeira das formações dessa banda que já contou com Peter FramptonJack Bruce (Cream), Roger Hodson (Supertramp), John Entwistle (The Who), Greg Lake (ELP e King Crimson), Hamish Stuart (sideman/Paul McCartney) e Billy Preston (que gravou com os Beatles, Rolling Stones), para citar apenas alguns dos mais "stars". O local escolhido para a apresentação foi o Chevrolet Hall e teve os sete mil ingressos colocados à venda esgotados.

Ringo abriu a noite com It Don´t Come Easy, um dos grandes hits de sua carreira solo e já emendou com Honey Don´t, música de Carl Perkins que ele gravou com os Beatles para o álbum Beatles For Sale. Na sequência Choose Love, outra da carreira solo e aí passou a bola Rick Derringer comandar os vocais em Hang On Sloopy, sucesso com sua ex-banda The McCoys, muito famosa no Brasil na versão gravada pela dupla Leno e Lílian como Pobre Menina. Edgar Winter fez a sua Free Ride e Wally Palmar relembrou Talking In Your Sleep, grande hit dos anos 1980 com a sua ex-banda The Romantics. Acomodado em sua bateria Ringo atacou com I Wanna Be Your Man, outra beatle-song e acompanhou Gary Wright na balada Dream Weaver do Spooky Tooth. Kyrie do Mr. Mister conduziu seu ex-integrante, Richard Page aos vocais. Ringo voltou a cantar em The Other Side Of Liverpool. Durante Yellow Submarine, a mais famosa canção dos Beatles entre as que o baterista fez o vocal principal, a platéia agitou balões amarelos, o fato rendeu comentários do saxofonista Mark Rivera no blog do seu site dizendo que palavras não podem descrever o quanto isso foi legal e que estava aguardando para ver as fotos. Edgar Winter atacou com a instrumental Frankstein na qual fez solos de teclado, sax e percussão. Ringo cantou Back Off Boogalloo; Wally Palmer, a agitada What I Like About You também dos Romantics e; Rick Derringer atacou com Rock and Roll, Hoochie Koo. Ringo seguiu com Boys da dupla Luther Dixon e Wes Farrell, originalmente gravada pelas Shirelles e que teve versão dos Beatles com Ringo nos vocais em seu primeiro disco, Please Please Me. De volta ao vocal Gary Wright fez Love Is Alive e Richard Page emendou Broken Wings também do Mr. Mister, num show que variava entre um clima anos 80 e 60, com uma pitada dos 70 em função de algumas canções solo de Ringo como Photograph que ele cantou na sequência e aproveitou para homenagear seu parceiro na canção, um tal George Harrison (Salve George!). Act Naturally, de Johnny Russell e Voni Morrison e sucesso com Buck Owens, outro cover gravado pelos Beatles com Ringo nos vocais deu prosseguimento ao show que encerrou com mais uma beatle-song de forma apoteótica e pacifista com With A Little Help From My Friends do disco Sgt. Peppers fazendo um medley com Give Peace A Chance da carreira solo de John Lennon que curiosamente Paul McCartney também vem cantando em suas últimas turnês. Será que só esses caras se tocam que o mundo precisa de paz?


P.S. Apesar de já saber de antemão o repertório apresentado na tour gostaria de ter ouvido Octopus’s Garden dos Beatles e algumas outras canções da carreira solo como Six O´Clock, I´m The Greatest, You´re Sixteen e Hey Baby, mas valeu demais o show, até porque o Ringo era outro que eu já não esperava que fosse pintar por essas bandas.




Fechando essa série de grandes shows que vi em 2011, aproveito para relembrar (celebrar) aqui também o maravilhoso recital de piano do músico russo Denis Kozhukhin  que ocorreu no teatro Dom Silvério do mesmo Chevrolet Hall interpretando obras de Brahms, Haydn e Lizst; a apresentação d’ O Messias de Haendel com a Orquestra Sinfônica e o Coral Lírico de Minas Gerais e a ópera Nabucco de Verdi também com a Sinfônica e o Coral Lírico de Minas Gerais.

Dando crédito a quem tem: o título  Só Pra Lembrar foi inspirado no programa da TVE do Rio de Janeiro, apresentado por Albino Pinheiro nos anos 90 que resgatava vídeos de grandes momentos da música brasileira, entre a série de preciosidades do programa, foi lá que ouvi e vi pela primeira vez a Rainha Quelé, Clementina de Jesus

Fotos (Internet): 1. Eugênio Gurgel (Ringo com sua Ludwig especialmente decorada); 2. Thiago Ventura (a banda e Ringo com seus tradicionais dedos em "V" reforçando a mensagem da camisa com o símbolo da paz).


quinta-feira, março 22, 2012

Só Pra Lembrar: Eric Clapton - HSBC Arena, Rio de Janeiro 09/10/2011



Eu poderia associar minha história com a carreira de Eric Clapton a um ciclo que se completa a cada década. Comecei a ouvir o guitarrista e ele se tornou meu predileto em 1990 quando ele veio tocar pela primeira e única vez em BH, show ocorrido no Mineirinho num longínquo 11 de outubro. Não fui ao show, acho que minha idade nem permitiria, mas devido a um programa especial que rolou no rádio e que gravei em uma fita K7 descobri que “Cocaine” e “Wonderful Tonight” que eu já curtia eram dele. Junto a essas duas canções tocou no programa uma coleção de clássicos do seu repertório como “Layla” e sua versão de “Knockin'on Heaven's Doors” de Bob Dylan. Na década seguinte, mais exatamente no dia 13 de outubro 2001, estava na praça da apoteose no Rio de Janeiro para conferir a perfomance mais impressionante que jamais tinha visto até então. Show perfeito! Timbres impecáveis, sobretudo na parte acústica, durante o show torcia para que cada uma das músicas não acabasse. Aquela seria supostamente a última turnê mundial do Clapton, me parece que sua intenção após a empreitada se reduziria a shows esporádicos somente na Inglaterra e nos EUA. Se a intenção era essa deixou de ser, pois exatos dez anos depois, em 2011 fui surpreendido com o anúncio de novos shows do guitarrista no Brasil com uma formação um pouco diferente daquela, mais notoriamente pela ausência de Nathan East, o “Senhor Simpatia”, um cara que parece tocar com uma satisfação única. Só consigo associá-lo no palco ao guitarrista Mike Stern pelo sorriso aberto que mantêm do início ao fim do show.

Dessa vez o local escolhido para a apresentação carioca foi o HSBC Arena que apesar de ser um ginásio resultou num som muito bom com o trabalho da equipe de Clapton. Assistindo a um show dele pela segunda vez me veio a impressão que nenhum outro músico se preocupa mais com o som do que ele. Mesmo num ginásio se ouvia com clareza todos os instrumentos muito bem timbrados. Clapton foi o de sempre, entrou tocou e foi embora, não deu boa noite, não agradeceu, não se despediu, ele mesmo já disse ter apreciado muito isso depois de ter assistido a uma apresentação de João Gilberto. Recapitulando: Clapton foi o de sempre, entrou, tocou e foi embora. Precisava mais? Clapton foi o de sempre: genial. Banda impecável, Steve Gaad na bateria, Willie Weeks no baixo, solos desconcertantes tocados por Chris Stanton nos teclados e Tim Carmon no órgão e o auxílio luxuoso nos vocais das cantoras Michelle John e Sharon White que cantam muito, mas muito mesmo (embora eu ainda espere ver um show com Tessa Niles nos backings; a Kattie Kisson, outra antiga backing-vocal de Clapton eu pude conferir no palco com o Roger Waters). Um show muito mais para o blues do que para o rock e o pop, Clapton tocou como se estivesse num pequeno bar perdido em alguma estrada da vida. Fez o que um músico dessa estirpe deve fazer, tocou como se tocasse para ele mesmo, a melhor maneira de demonstrar respeito e agradar ao público. Aguardo para ver como Clapton aparecerá no meu caminho na próxima década.


Obs.: Infelizmente não cheguei a tempo de pegar o show de abertura com Gary Clark Jr.

Setlist:

1-Going Down Slow
2- Key To The Highway
3- Hoochie Coochie Man
4- Old Love
5- I Shot The Sheriff
6- Driftin’ Blues
7- Nobody Knows You When You’re Down And Out
8- Lay Down Sally
9- When Somebody Thinks You’re Wonderful
10- Layla
11- Badge
12- Wonderful Tonight
13- Before You Accuse Me
14- Little Queen Of Spades
15- Cocaine
Encore
16- Crossroads



Fotos: Eric Clapton (internet: Felipe Panfili e Roberto Filho); e o autor que vos escreve na porta do show (não fosse pela famosa câmera tosca do meu telemóvel teria sido um grande clique do amigo Francisco).


Ainda: Confira as fotos do Balança Zap em sua primeira edição no blog do evento:http://balancazap.blogspot.com.br/2012/03/balanca-zap-fotos.html . Mês que vem tem mais!!! Agradecimentos a toda a rapaziada que compareceu, ao pessoal que ajudou na produção e à banda Vagabundo Não É Fácil. 

segunda-feira, março 12, 2012

Balança Zap - Quem não dança, segura a criança.



Voltando à ativa na produção de eventos, estou organizando a festa Balança Zap junto com o pessoal da Cia. Teatral Zap18 com a qual venho tocando há cerca de dois anos. A primeira edição da festa/show Balança Zap acontecerá nesse próximo sábado, dia 17 de março e terá como atração musical a banda Vagabundo Não É Fácil [Tributo aos Novos Baianos]. Fica aqui o convite a todos. 

Grande abraço!


BALANÇA ZAP
Local: Sede da Zap18 - Rua João Donada, 18 - Bairro Serrano (clique AQUI e veja o mapa)
Data: 17/03 (sábado)
Horário: 19h
Mais informações sobre o evento:
Banda Vagabundo Não É Fácil:


domingo, março 04, 2012

Só Pra Lembrar: Roberto Carlos – Mineirinho, Belo Horizonte 24/09/2011



Show do Rei é sempre um acontecimento, experiência quase religiosa, esse no caso ainda veio com o peso de ser o primeiro após a histórica apresentação em Jerusalém.  Boa parte do espetáculo seguiu o ritual tradicional, abertura instrumental com a orquestra executando trechos de canções de Roberto que adentra o palco cantando “Emoções”, um dos maiores clássicos de seu repertório, após um “boa noite” com velhas frases conhecidas e decoradas pelo público que às vezes até as fala antes dele como: “que prazer rever vocês, mais uma vez aqui em... (cole aqui o nome da cidade e/ou estado onde ele esteja se apresentando)...” ou “queria dizer muitas coisas no início desse show, mas acho que vou dizer melhor cantando...” dessa vez ele emendou essa frase com a música “Eu te amo, te amo, te amo”, na turnê anterior, essa era a deixa para “Como é grande o meu amor por você” que só foi aparecer no finalzinho do roteiro desse show. E aí começaram alguns problemas técnicos que o fizeram se retirar do palco e que cito no final da postagem. Roberto retornou e cantou “Além do Horizonte”, “Amor Perfeito”, “Cama e Mesa”, de banquinho e violão fez a também já tradicional versão de “Detalhes” (ainda sofrendo com os problemas técnicos no som). Vieram  então “Desabafo”, “O Portão” (que andava meio sumida do repertório), depois a canção que fez para sua mãe, “Lady Laura” que ele diz não cantar hoje com a mesma alegria, porém com mais amor, após sua partida em 2010. Na sequência, “Nossa Senhora”, uma das mais belas canções religiosas composta pela dupla Roberto e Erasmo e “Pensamentos” que eu considero o grande momento do show, canção que ele não cantava há muito tempo, praticamente desde a época de seu lançamento em 1982. “Mulher Pequena”, “Proposta”, “O Côncavo e o Convexo” e “Cavalgada” deram a tônica da faceta de canções mais sensuais de Roberto compostas a partir de meados da década de 1970. Voltando mais dez anos no tempo ele fez um medley com sucessos da época Jovem Guarda, “É Proibido Fumar”, “Namoradinha de Um Amigo Meu”, “Quando” (que eu ainda acho que merece ser interpretada na íntegra em algum próximo show dele), ”E Por Isso Eu Estou Aqui” e “Jovens Tardes De Domingo”. Para fechar a apresentação Roberto cantou “Como É Grande O Meu Amor Por Você”, “É Preciso Saber Viver” e “Jesus Cristo” que acompanhou a habitual distribuição de rosas do cantor para sua platéia.

Quem já foi a um show do Roberto Carlos, acompanhou pela TV ou assistiu a um de seus DVD´s sabe do alto nível técnico da sua produção com ênfase na qualidade do som, a despeito disso, durante quase todo o show, Roberto, banda e público sofreram com problemas no sistema de som, microfonias, problemas no volume, uma série de transtornos inimagináveis numa apresentação dele que levou o artista a se retirar do palco em alguns momentos à espera que os problemas fossem solucionados. O Ginásio do Mineirinho é famoso pelo péssimo som que costuma resultar durante apresentações lá, eu mesmo já deixei de ir a uma apresentação do Deep Purple no local por ter uma experiência anterior em outro show da banda no qual não consegui entender absolutamente nada do som para no dia seguinte ler no jornal que o mesmo aconteceu com Ian Gillan, vocalista da banda. Ainda assim, já assisti a uma série de shows nacionais e internacionais no local, sempre com som sofrível, em alguns dias eu diria que ele esteve “menos pior”, porém nos show do Roberto o som sempre foi perfeito, assustadoramente perfeito, mais ainda em se tratando desse espaço. Desde 1991 suas apresentações na cidade com regularidade praticamente anual têm sido quase todas lá, em raras exceções ele cantou em outros espaços de BH nesse período. Eu sempre duvidei de ditados como “um raio não cai duas vezes no mesmo lugar” e acabei tirando a prova nesse show, apesar de todo o cuidado, do tratamento luxuoso dado à produção de Roberto Carlos, em sua última apresentação na cidade em 2009 no mesmíssimo lugar, o som também apresentou problemas similares. Já ouvi dizer que as passagens de som para uma apresentação do Roberto chegam há durar dez horas ou mais, um dos motivos da precisão sonora que ouvimos durante seus concertos, junto com a qualidade dos equipamentos e excelência da equipe técnica. Enfim, deu saudades das apresentações anteriores a essa e mesmo do som impecável que pude conferir no Theatro Municipal do Rio de Janeiro na ocasião de seu show ao lado de Caetano Veloso homenageando Tom Jobim ou no Teatro do Minascentro aqui mesmo em BH no ano de 1996. O show foi levado até o fim graças à força e carisma do Rei, acredito que por parte da platéia ninguém saiu de lá muito decepcionado com isso, mas não diria o mesmo dele, por todo o cuidado com o qual trata seu trabalho buscando sempre oferecer o melhor ao seu público, Roberto deve ter ficando bastante chateado com essas falhas técnicas durante a apresentação. Como músico (e atuando em produções infinitamente menores), sofro com isso quase toda vez que vou tocar (acreditem, as reclamações de Tim Maia na maioria das vezes não eram de brincadeira ou jogo de cena). Belo Horizonte necessita de um local ideal para apresentações com público superior a quinze mil pessoas (como é o caso de Roberto Carlos, já que parece ser inviável que ele faça uma temporada de várias noites em teatros para públicos menores na cidade) e isso segue nos deixando fora do roteiro de grandes artistas internacionais que devido ao custo de produção precisam de grandes platéias para cobrir os gastos, afinal, Paul McCartney ou Roger Waters pelo menos cogitaram passar por aqui?


Foto: 1. Roberto Carlos distribuindo rosas no fim do show (imagem extraída de uma filmagem do telemóvel); 2. O autor do blog que vos escreve com uma "rosa do Rei" em punho e o grande Antônio Wanderley, pianista da RC9 (banda do Roberto Carlos) desde os anos sessenta.

Aproveito para deixar aqui o link do show de 50 anos de carreira de Roberto Carlos sobre o qual escrevi em 2009 e que está publicado no Site Portal Clube do Rei: http://www.clubedorei.com.br/Articles/detail.asp?iData=631&iCat=823&iChannel=2&nChannel=Articles