Sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006, depois de tanto esperar chegou a hora da partida da caravana da qual serei guia com destino ao show dos Rolling Stones nas areias de Copacabana, Rio de Janeiro, cidade que tanto adoro apesar de tão pouco conhecer. Uma viagem tranqüila se segue até que desembarcamos direto na princesinha do mar pouco antes de sete horas da manhã. Um movimento ainda pequeno na praia, menos do que eu esperava, mas é claro que aquele mais de um milhão de pessoas especuladas para a apresentação gratuita da banda compareceria.
Com horário e local combinados com as 45 pessoas participantes da caravana para um reencontro após o show, é hora de cada um partir para o seu lado, meu primeiro compromisso na cidade é reencontrar com meu amigo Eduardo (apelidado por mim de Frejat), partimos então por um pequeno passeio pela cidade na companhia do Telo (também responsável pela excursão), Gabriel,e Flávio, acabamos indo parar na Lapa, bairro residência do Frejat (Eduardo). Depois de um breve descanso, onde procurei sanar minha enxaqueca, companheira de anos a fio, partimos novamente pra rua, agora pra encontrar com Alex, Anselmo e Alisson, companheiros de excursão que nesse momento já haviam descobertos os botecos da Lapa, com uma dor de estômago que me impedia de beber, e ainda um pé machucado, caminhamos pela cidade com pequenas paradas para fotografias. Falando em fotografias, tinha ainda um encontro marcado com o fotográfo Michael Meneses, amigo virtual, grande figura roqueira do Rio. Depois de encontrar com Michael e seus amigos partimos então a procura de um botequinho com cerveja barata, agora sim já com condições de beber. Missão impossível achar a tal cerveja, mas a peregrinação acabou fazendo com que nos encontrássemos com os amigos da caravana, Pan, Adinam e Daniel. Ah, sim três latas de Skol por cinco reais foi o preço mais convincente que encontramos.
Mas enfim estávamos ali pelo show dos Stones não é mesmo? Então quando resolvemos enfrentar a multidão a fim de um bom posicionamento para ver o show, vem a revelação do Telo: o celular da empresa fora roubado no meio da multidão, aliás furtado como aprendi na delegacia. Faltava pouco tempo para os Stones entrarem em cena e lá fomos nós, Telo, Frejat e eu à delegacia para registrar a queixa do furto, qual nada, a atendente nos informa que se quiséssemos ver o show deveríamos voltar no dia seguinte pois a delegacia já estava lotada de pessoas para serem atendidas, tivemos que fazer todo o trajeto novamente à pé, e foi do meio do caminho que ouvi os primeiros acordes de “Jumpin’Jack Flash”, apertamos o passo, bom lembrar que me encontrava com o pé esquerdo machucado e ainda assado por andar o dia inteiro. Enfim a praia de Copacabana, bem distante do palco, porém sem a mínima disposição para encarar a multidão novamente, resolvemos ficar por ali mesmo, imagino que estávamos próximo do último telão, nessa altura a banda já executava a segunda música do show: “It’s Only Rock’n’Roll”, sim isto é somente Rock’n’Roll mas eu gosto e muito, porque senão não teria como encontrar explicações que convencessem eu mesmo do motivo de estar ali, ainda que morto de cansaço. Vem então “You Got Me Rocking”, faixa do disco “Voodoo Lounge”, cuja turnê tive a honra de assistir no primeiro show dos Stones no Brasil, no Pacaembu, São Paulo em 1995. “Tumblin Dice”, a nova, “Oh No, Not You Again”, prepararam o terreno para a belíssima balada “Wild Horses”, "Rain fall down", "Midnight rambler" deram seqüência ao show que rendeu uma bela homenagem ao Ray Charles em "The night time is the right time" com direito a imagem do cantor projetada no telão. Uma pausa para a apresentação da banda, confesso que me assustei, no melhor sentido com o fato de Charlie Watts sair de trás da bateria e ir até a frente do palco agradecer aos aplausos e uma saudação mais que calorosa à alma dos Stones, Mr. Keith Richards, que deixou o guitarrista verdadeiramente emocionado, ele agradece em forma de música com a balada nova “This Place Is Empty” e seu número principal “Happy”, Ronnie Wood executa um slide competente nas duas canções. Jagger retorna ao palco empunhando uma guitarra e eles mandam “Miss You”, momento em que o palco móvel se dirige mais para perto do público, vem então um desfile de pérolas, "Rough Justice" também do álbum novo (A Bigger Bang), "Get off of my cloud" (do início da banda e um dos melhores momentos do show), "Honky tonk woman" (outro clássico da banda), "Sympathy for the devil" (o “sambinha”dos Stones não poderia faltar num show brasileiro). Para levantar a galera de vez o fim do show ainda guardava balas na agulha, ao primeiro toque do riff de “Start Me Up”,a multidão se agita e encontro forças sei lá de onde para pular com eles, vem então “Brown Sugar” fechando o show. Claro que um bis era esperado e eles retornam entoando a épica "You Can't Always get what you want", com um Mick Jagger trajando uma camisa com a bandeira do Brasil escrito Brasil e Rio de Janeiro e surpreso ao ouvir o coro no refrão da canção. “Satisfaction”? Sim, para fechar eles tocaram o maior hit da carreira da banda, a catarse foi total, apoteótica, um carnaval rock, foi isso que a cidade do Rio e o mundo assistiu. E sim, eu estava lá, cansado, bem de longe observando tudo aquilo, vendo o show também nos rostos das pessoas, das 1,3 milhão de pessoas que lotaram Copacabana. Um show que um verdadeiro roqueiro não pode se furtar a ver.
Comentário do Michael Meneses: “Um amigo virtual de BH fanático por Roberto Carlos me ligou para nos encontramos e com o povo da sua caravana de Cruzeirenses na estatua da Princesa Isabel. Ficamos conversando sobre Rio, Minas, Bebedeiras, violência nacional, Futebol, lugares estranhos para mijar, e vários outros assuntos...”