sábado, dezembro 15, 2007

The Police para quem precisa


Oito de dezembro, fatídico dia do assassinato de John Lennon em 1980 e da morte de Tom Jobim em 1994, a partir de 2007 a data passa a ter um significado musical positivo, pelo menos para mim e para quem teve a oportunidade de estar presente no maravilhoso show do The Police no Rio de Janeiro. Que porrada na cara!!! Depois de apagarem as luzes e os alto-falantes ecoarem a voz de Bob Marley cantando “Get Up, Stand Up”, às 21h30min em ponto eles entraram no palco como previsto (ah, se os shows brasileiros tivessem essa pontualidade). Antes passei pelo martírio que foi entrar no Estádio Jornalista Mário Filho, vulgo Maracanã (ah, se os shows brasileiros NÃO tivessem essa desorganização). Já acostumado com esse tipo de situação procurei manter o bom humor.

Logo na primeira música do show "Message In A Bottle" a banda já mostrou a que veio e sinceramente só essa abertura já teria valido o show. Na sequência vieram "Sincronicity II" e "Walkin On The Moon" que seguraram o clima empolgado da primeira canção e depois "Voices Inside My Head", "When The World Is Running Down" e "Don´t Close To Me" enquanto a banda desfilava toda a sua elegância musical. Sting arriscava umas frases em português nos intervalos das canções como: "obrigado", “que saudade do Brasil” ou "vocês querem cantar comigo?", até com certa fluência, incomum nos roqueiros ingleses que baixam na terra de Machado de Assis, por certo, resultado do antigo namoro com o Brasil através das amizades com o já citado compositor Tom Jobim ou os tempos de Floresta Amazônica com o Cacique Raoni. E o deleite seguia com "Driven To Tears", "Hole In My Life", "Truth Hits Everybody". Apesar do longo intervalo de mais de vinte anos a banda manteve no palco uma unidade ímpar numa combinação perfeita de técnica e emoção, com a bateria precisa de Copeland, os grooves de baixo marcantes e dançantes de Sting, e as belas texturas e solos de guitarra de Summers, tudo executado de forma bastante sedutora. Dispensáveis comentários para o equipamento, som, telões e todo o aparato técnico.

Outra coisa que descobri ou só agora me liguei para isso, é o fato de como o show deve ser diferente de acordo com o local na plateia que você se encontra, não apenas pela visibilidade do palco ou pelo som, mas sim pelas pessoas ao redor, nesse aspecto eu imagino que não haveria em todo o Estádio posicionamento melhor, cercado por verdadeiros fãs da banda que dançavam e cantavam todas as canções, entre elas uma garotinha de uns 12 anos e uma italianinha para lá de empolgada. Lulu Santos estava certo: “cada público tem o show que merece!”. Acho que os únicos que não mereciam é a já comum área VIP (formada por pseudo-celebridades que sequer conhecem o trabalho dos artistas e vão mais para aparecer na coluna social no dia seguinte ou em matérias tolas na TV dizendo que não conheciam a banda, ou cantando uma frase errada de uma canção que por ventura tenha sido tema de novela) que ficou numa posição privilegiada não permitindo um acesso muito próximo ao palco dos admiradores reais e que pagaram um alto preço pelo ingresso embora cada centavo tenha valido a pena. 

A banda ainda tocou uma saraivada de hits alucinantes um após o outro, “Every Little Thing She Does Is Magic” (minha predileta), “Wrapped Around Your Finger”, “De Do Do Do De Da Da Da”, “Invisible Sun”, “Walking In Your Footsteps”, “Can't Stand Losing You”, “Roxanne”, “King Of Pain” (numa versão que superou de longe a original) e “So Lonely” para encerrar no bis com “Every Breathe You Take” sempre com os improvisos que só um trio tem liberdade pra fazer, e mais do que liberdade eles têm uma extrema competência.

Ainda que pareça clichê, no show realizado no Rio durante o verão, tudo cheirava a alegria, carnaval e sensualidade. Se dois amigos chamaram o show de Roger Waters em fevereiro de orgasmo estético posso afirmar que esse show também foi um orgasmo, mas sexual mesmo.

quinta-feira, agosto 30, 2007

Deixando Fluir – Show dos Mutantes em Belo Horizonte 05 de julho de 2007




Confesso que nunca fui fã dos Mutantes, gosto de uma canção ou outra, a banda sempre me pareceu exageradamente pretensiosa, muito embora eu sempre tenha nutrido interesse pelo trabalho do guitarrista Sérgio Dias por mais contraditório que isso possa parecer. Curto algumas coisas da mala Rita Lee, mais o pop dos anos 80 do que o rock dos 70 embora tenha vários bons momentos, mas por algum motivo resolvi ir ao show da formação atual (ingresso barato talvez) que me pareceu não agradar muito aos fãs de plantão (normal). Ah, para fechar o pacote, também nunca admirei nem um pouquinho (mas nem um pouquinho mesmo) a Zélia Duncan, atual vocalista. Apesar de tudo vi uns trechos do show em Londres na tevê e agradei. Depois de um desencontro na hora de comprar os ingressos por parte da minha amiga Natália, descobri que já haviam esgotado. Por mim tudo bem, eu não fazia questão realmente de ver o show e decidi mesmo ficar em casa. Às 18 horas, a Camila (outra amiga, mala igual a Rita Lee) me liga e propõe que a gente vá ao show pois sempre rola uns ingressos na porta, sabe como é...e seguindo a minha filosofia atual de deixar fluir, resolvi ir ao tal do show.

Ok, porta do local, “relax”, compro minha primeira lata de cerveja, a espera que o ingresso "venha" as minhas mãos. Vejo uma garota que por instantes penso ser uma conhecida, não era, o que não impediu que ela fosse amiga da minha amiga Natália que acabara de chegar no exato momento que ela negociava um ingresso com uma senhora que tinha dois sobrando (uma grande empresa patrocinava o show e havia distribuído alguns gratuitamente para os seus clientes) e por acaso um desses viria a ser minha entrada para o show.

Pronto. Lá dentro, a banda no palco; tento me situar e me encontrar naquele lugar, me sentindo totalmente um estranho no ninho por não ser fã da banda, tão pouco me identificar com o público, mas a idéia era deixar fluir. Um som embolado no começo não ajudava na percepção dos detalhes do que a banda tocava. Como eu desconfiava, a presença da vocalista Zélia Duncan não era nem um pouco justificável (musicalmente, pelo menos) a não ser por sua presença de palco, animação e sorriso simpático. A participação mais espiritual do que musical de Arnaldo Baptista (por acaso aniversariando no dia) já que um segundo tecladista se encarregava do "trabalho pesado" e seu microfone estava num volume baixo que escondia as notas desafinadas. Sobrou então para o senhor Sérgio Dias, grande motivo de minha ida ao espetáculo na verdade, que literalmente deu um show na guitarra (sua Régulus) com suas frases e timbres criativos. A banda se completa com o antigo baterista Dinho, a percussionista Simone Soul e a garota do backing vocal cujo nome não sei e que talvez não tenha assumido as primeiras vozes para não soar como uma cover da Rita. Lá pela terceira música comecei a entrar no clima ainda que permanecesse totalmente estático no meu lugar.
Grandes momentos foram garantidos com a performance de canções como “El Justiciero”, “Cantor de Mambo”, “Baby”, “Top Top”, “Desculpe, Baby”, “Fuga Nº. II”, “Balada do Louco”, “Meio Desligado”, “Minha Menina”, “Bat Macumba” e “Panis Et Circensis”.

Para meu espanto foi um belíssimo show, emocionate mesmo e a impressão que eu tive foi que assim como eu, a banda estava simplesmente deixando fluir...


A banda agradece ao público e Arnaldo faz suas flexões.

segunda-feira, julho 30, 2007

Roberto Frejat: Show em Belo Horizonte 14 de julho de 2007


Eu costumo dizer que se existe uma banda de Rock´n´Roll no Brasil essa banda chama-se Barão Vermelho, formada no início dos anos 80 por cinco garotos cariocas, o Barão já completou mais de duas décadas de existência, passando por mudanças de integrantes e sobretudo superando a saída do vocalista e compositor Cazuza após o terceiro disco “Maior Abandonado”. Depois de uma pausa após o lançamento de “Balada MTV” em 1999 quando os integrantes se dedicaram a projetos solos, gravando, produzindo e tocando com outros artistas, a banda retornou com tudo em 2004 com o disco auto-intitulado “Barão Vermelho”, também nome do primeiro álbum lançado em 1982. 

Frejat que durante essa pausa lançou dois discos (“Amor pra recomeçar” e “Sobre Nós 2 e o Resto do Mundo”) retorna agora nesse segundo intervalo na obra do Barão ao seu projeto solo com um enfoque um pouco mais pop e romântico (engana-se quem possa imaginar que ele caia nas baladas água com açúcar, Frejat ainda que possa querer evitar mantém sua pegada e atitude roqueira). Tive o prazer de assisti-lo pela primeira vez na abertura do show de Eric Clapton na Praça da Apoteose no Rio de Janeiro em 2001 e agora mais uma vez em Belo Horizonte em show ocorrido no último dia 14 de julho, acompanhado de uma banda competente formada pelos músicos, Billy Brandão (guitarra), Marcelo Costa (bateria), Bruno Migliari (baixo) e o eterno companheiro de Barão, Maurício Barros nos teclados, Frejat desfilou alguns sucessos da carreira solo (“Sobre Nós 2 e o Resto do Mundo”, “Segredos”, “Túnel Do Tempo”) do Barão (“Bete Balanço”, “Por Você”, “A Chave da Porta da Frente”, “O Poeta Está Vivo”) composições suas gravadas por outros artistas (“Malandragem”) e canções de outros compositores, caso do clássico da música brasileira composto por Pixinguinha e João de Barro, “Carinhoso”, “Ainda é Cedo” da Legião Urbana e “Carpinteiro do Universo” de Raul Seixas e Marcelo Nova tocada num momento intimista voz e violão em que o destaque ficou com a música “Como é grande o meu amor por você” do Rei Roberto Carlos. Frejat perguntou a platéia se gostariam de ouvir Roberto Carlos, ao que me pareceu, a maioria disse não, como não entendeu (ou fingiu não entender) ele respondeu que iria tocar e começou: "eu tenho tanto pra lhe falar...” os outros versos foram cantados por TODO o público de maneira emocionada e ainda recebeu o aplauso mais caloroso de toda a apresentação com a aprovação mais uma vez de Frejat dizendo: “O Robertão é demais!!!”. No bis ele retornou e declarou: “vou tocar mais uma do Roberto Carlos” e soltou uma versão muitíssimo interessante de “Só vou gostar de quem gosta de mim” de Rossini Pinto, registrada pelo Rei no mesmo disco da canção já citada, Roberto Carlos em Ritmo de Aventura, trilha sonora da primeira fita estrelada pelo cantor nos cinemas.
Dá para perceber que Frejat leva em diante um trabalho tranqüilo, menos pretensioso (no bom sentido) que o gigante Barão Vermelho, coisa de quem sabe o que faz e não precisa provar mais nada, nem mesmo que tem competência para se desligar da banda e levar em frente um carreira solo vitoriosa.
Ah, apesar de tudo, espero ver o Barão nos palcos novamente...

Fotos: à esquerda, Amor pra recomeçar
e à direita Sobre Nós 2 e o Resto do Mundo.

Obs: a foto no alto não é do show aqui citado.

quinta-feira, março 29, 2007

O Lado Escuro da Bola (O show de Roger Waters na Praça da Apoteose e um Flamengo e Vasco às vésperas do gol mil de Romário)





Rio de Janeiro, Praça da Apoteose, sexta-feira, 23 de março de 2007, segunda turnê do Roger Waters passando pelo Brasil. Mesmíssima cidade do Rio de Janeiro, Estádio do Maracanã, domingo, 25 de março, Flamengo e Vasco, Romário a dois gols do milésimo. Às 21:30 pontualmente, o grandalhão inglês sobe ao palco e põe a bola para rolar ao som de “In The Flash”, e “Mother”, duas canções do álbum The Wall. Às 18:10 no Maracanã todos os holofotes se concentram no baixinho carioca, as torcidas de Flamengo e Vasco cantam hinos diferentes mas não desafinam.

No meio do gramado antes da bola rolar já era possível ver o brilho louco nos olhos do jogador vascaíno e não seria estranho se Roger Waters dedicasse-lhe os versos de “Shine on You Crazy Diamond” (“Remember when you were young, you shine like the sun, shine on you crazy diamond.”, Lembre-se de quando você era jovem,você brilhava como o sol, continue a brilhar, louco diamante”). O diamante continuaria a brilhar…no telão do show, a imagem do jovem Syd Barrett emociona a multidão na apresentação da canção...um acorde de sol maior anuncia “Wish You Were Here” com sua inconfundível introdução.

O Flamengo domina o jogo, ataca, mas sem muita objetividade. Roger é mais direto, sabe exatamente o que quer, ataca, protesta, denuncia a guerra, a violência, é político.Um enorme porco inflável como o da capa do disco Animals surge no céu com frases de protesto pixadas em seu corpo como: "O medo constrói muralhas","Bush, não estamos à venda","All we need is education".“Leaving Beirut” (composta por Waters na turnê anterior num quarto de hotel da cidade maravilhosa) crítica um certo texano de nome George. Romário também é político, politicamente incorreto, deliciosamente incorreto, em outro contexto, é claro. 

Durante a canção “Perfect Sense”, uma explosão do gerador de energia no exato momento que o telão mostrava um estádio de futebol explodindo confunde tudo, explica tudo, o Maracanã repetiria essa cena no domingo futebolístico.
Termina o primeiro tempo do show, os músicos vão para o vestiário; Romário vai descansar no camarim para ao retornar ao palco em busca dos gols...


Na Apoteose uma lua cheia vai crescendo no telão, e a banda volta para o grande momento do espetáculo a execução na íntegra da obra-prima mor do Pink Floyd, o disco The Dark Side Of The Moon que também batiza a turnê; o Vasco ganha por 2x0, mas Romário ainda não fez nenhum... Uma a uma vão sendo tocadas com perfeição as canções do álbum; no futebol não há como ser perfeito o tempo todo, Roger joga com a torcida toda a seu favor, os flamenguistas estão contra Romário, e eu que gostaria de ver uma vitória do Mengão por 3x2 (com os dois gols do Baixinho), não acredito no placar...
 
Enquanto a interpretação sensacional da vocalista Katie Kissoon para a canção “The Great Gig In The Sky” parece representar a agonia rubro-negra, o êxtase da música “Eclipse” anuncia o dia perfeito para o Vasco quando Romário dentro da pequena área (sua sala de estar) toca a bola para o fundo da rede, a platéia vascaína delira,comemora, se alegra, os flamenguistas se entristecem, parecem chorar ao mesmo tempo em que admiram o homem, a torcida de Waters experimenta todas essas emoções ao mesmo tempo. 

O show chega ao fim, a banda se despede. O juiz apita final de jogo. Waters volta para o bis. Romário não dá bis dessa vez, o público se contenta com o nono centésimo nonagésimo nono gol. Crianças do coral da Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro são convidadas ao palco para cantar “Another brick in the Wall”. Roger é simpático, distribui beijos e abraços a cada uma delas ao fim da canção. Música, futebol, emoção, arte e magia, direto do lado escuro da lua/bola...


Set List
Primeiro tempo:
In the Flesh
Mother
Set the Controls for the Heart of the Sun
Shine On You Crazy Diamond (Parts I - V) (abridged)
Have a Cigar
Wish You Were Here
Southampton Dock
The Fletcher Memorial Home
Perfect Sense, Parts 1 and 2
Leaving Beirut
Sheep

Segundo tempo: The Dark Side Of The Moon
Speak to Me
Breathe On the Run
Time
Breathe (Reprise)
The Great Gig in the Sky
Money Us and Them
Any Colour You Like
Brain Damage
Eclipse

Prorrogação:
The Happiest Days of Our Lives
Another Brick in the Wall, Part II
Vera
Bring the Boys Back Home
Comfortably Numb

O Time De Waters:
Snowy White – Guitarra
Andy Fairwether-Low _ Guitarra e vocais
Dave Kilminster – Guitarra
Jon Carin – Teclados e vocais
Graham Bond – Bateria
Harry Waters (órgão Hammond)
Ian Richie (saxofone)
Katie Kissoon, PP Arnold e Carol Kenyon - Vocais

FICHA TÉCNICA VASCO 3 X 0 FLAMENGO
Local: Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ)
Data: 25 de março de 2007, domingo
Horário: 18h10 (de Brasília)
Renda: R$ 727.050,00
Público: 43.103 (os 3 eram Pan, Frejat e eu)
Árbitro: Gutemberg de Paula
Assistentes: Manoel do Couto Ferreira Pires e Carlos Henrique Alves de Lima
Cartões amarelos: Sandro, Dudar, Fábio Braz, Abedi (Vasco); Renato, Souza (Flamengo)
Cartões vermelhos: Fábio Braz (Vasco); Leonardo Moura (Flamengo)
Gols:
VASCO: Leandro Amaral aos 42 minutos do primeiro tempo; Abedi aos três e Romário aos 33 minutos do segundo tempo
VASCO: Cássio; Wagner Diniz, Fábio Braz, Dudar e Sandro (André Dias); Roberto Lopes, Amaral, Abedi (Conca) e Morais (Renato); Leandro Amaral e Romário
Técnico: Renato Gaúcho
FLAMENGO: Bruno; Leonardo Moura, Irineu, Ronaldo Angelim e Juan; Paulinho, Renato, Renato Augusto e Juninho Paulista; Roni (Jailton) e Souza (Leonardo)
Técnico: Ney Franco

P.S. encontros acidental-normais com amigos de Belo Horizonte e com o carioca Michael Meneses na saída do show...

Post dedicado à Natália, Gabriel, Pan, Geléia e Frejat.

Fotos dos clássicos (o do futebol e o da música)..na última, Francisco Falabella, Robert Moura e André Guimarães no show.

quinta-feira, março 08, 2007

The Space Within Us - Paul McCartney





Workaholic. Essa é uma boa expressão para se definir Paul McCartney, ele mesmo já se declarou viciado em trabalho, e não é difícil comprovar esse fato observando a quantidade de feitos que o mais ativo dos Beatles vem produzindo ao longo de sua carreira. No mais recente, o DVD The Space Within Us, a exemplo do anterior Back In The US, temos as imagens de shows intercaladas com depoimentos e bastidores, sobrando ainda passagens de sons, o vídeo usado para a entrada de Paul no palco e um making of nos bônus até porque o workaholic McCartney adora se mostrar trabalhando. Entre os depoimentos de fãs e famosos, só declarações que massageiam o ego do vaidoso Paul (pelo menos ele tem motivos para o sê-lo), desde o ex-presidente norte-americano Bill Clinton, passando por Lenny Kravitz, Paul Stanley (Kiss), Eddie Vedder (Pearl Jam), e o pessoal da produção; em alguns momentos o ator Jack Nicholson aparece vibrando como se estive em um jogo do seu Los Angeles Lakers; e por ali desfilam Beyoncé, Jay-Z, Steven Tyler (Aerosmith), James Taylor, Herbie Hancock até o celébre cantor de jazz Tony Bennett que ao ouvir Paul solfejar uma canção no backstage declara que não canta tão bem assim como Paul. Vai saber...

Extremamente à vontade Paul brinca até com o tombo que levou na segunda noite da turnê em Tampa na Flórida quando caiu no buraco de onde subia o piano. As câmeras todo o tempo mostram closes do público acusando a diversidade de fãs que o homem coleciona, famílias inteiras, duas, três gerações, todas as etnias aparecem sorridentes, chorando de emoção, dançando, cantando, enfim, fazendo aquilo que boas canções despertam.


O título que sugere uma viagem ao nosso íntimo também se aplica ao espaço sideral, o chamariz do título se refere ao fato de astronautas da NASA terem sido acordados ao som de uma canção dos Beatles ("Good Day Sunshine") quando retornavam á Terra, tendo ainda as cenas de Paul tocando ao vivo para os astronautas na Estação Espacial Internacional. Para os fãs as cerejas do bolo são as canções dos FabFour que ainda não haviam sido tocadas ao vivo (sempre tem uma) “I´ll Get You”, “Please, Please Me”, “Fixing in a Hole” , “I Will”, “She Came Through The Bedroom Window” e ainda a canção “Too Many People” dos Wings. As canções do último álbum de estúdio, o excelente “Chaos and Creation In The Backyard”, reforçam as novidades para quem já vive no encalço dos vídeos lançados pelo artista, “Fine Line”, “English Tea”, “Follow Me”, “Jenny Wren”; já “Friends To Go” e “How Kind Of You” são mostradas durante passagens de som.

Outro detalhe denunciado no vídeo é a separação de Paul da ex-modelo Heather Mills, logo no início Paul aparece caminhando sozinho e fazendo divagações a respeito da imaginação, da infância, do espaço e da realidade, no DVD anterior, Heather estava ao seu lado todo o tempo qual uma Yoko Ono e seu John Lennon, no final eis novamente o Paul solitário caminhando em uma longa e sinuosa estrada no campo. Enquanto teóricos tentam provar o poder terapêutico da música, Paul parece estar se auto medicando com suas canções e com seu trabalho.

Comparado aos gênios da composição como Bach e Beethoven, Paul prefere se declarar um trabalhador... E quem disse que eles não eram trabalhadores? E quem disse que Paul não é um gênio?


Fotos: Capa do DVD The Space Within Us, Paul e os astronautas Bill e Valery (no telão) e Paul e seu legendário Hofner Bass

domingo, fevereiro 11, 2007

Jovem Guarda: Rock brasileiro, o começo de tudo






“É Preciso Saber Viver” (Titãs), “Devolva-me” (Adriana Calcanhoto),” Negro Gato” (Marisa Monte), “Eu Sou Terrível”, “Pare o Casamento” (Kid Abelha), “Quando”,
“ Pode Vir Quente Que Eu Estou Fervendo” (Barão Vermelho), “É Proibido Fumar” (Skank), “Se Você Pensa”, “O Calhambeque” (Lulu Santos), “Era Um Garoto Que Como Eu Amava Os Beatles e os Rolling Stones” (Engenheiros do Hawaii); o que essas canções carregam em comum?

Simplesmente o fato de terem sido compostas, gravadas, lançadas ou versionadas para o português por cantores ou compositores da chamada Jovem Guarda, programa de TV da emissora Record que entre 1965 e 1968 liderou audiência no país e propiciou o primeiro grande momento de cultura de massa por aqui. Essas regravações (citando apenas algumas mais recentes) mostram a permanência e a importância da Jovem Guarda. O que era para ser um simples programa exibido nas tardes de domingo para substituir a proibição dos jogos de futebol é considerado hoje como um movimento ou ainda um estilo de música, também chamado Iê, Iê, Iê, este nome por sua vez veio dos críticos norte-americanos que por não aceitarem os Beatles como uma banda de Rock´n´Roll, intitulavam sua música de Yeah, Yeah, Yeah, baseado nos refrões das canções “She Loves You” e ”It Won´t Be Long”(o filme A Hard Day´s Night foi batizado aqui de Os Reis do Iê, Iê, Iê). A realidade é que o Rock nunca mais foi o mesmo depois dos Beatles, nem a música brasileira a mesma depois da Jovem Guarda.

Encabeçado por Roberto Carlos (o Brasa), Erasmo Carlos (o Tremendão) e Wanderléa (a Ternurinha), o programa reunia a turma que vinha fazendo rock por aqui, claro que assim como os Beatles na Inglaterra tiveram suas influências do rock americano misturadas à sua própria cultura, não poderia ser diferente aqui ou em qualquer outro país onde o rock bateu, basta reparar as diferenças entre uma valsa francesa, uma alemã e outra brasileira, por exemplo. Então, era natural que esses artistas ao fazerem rock incorporassem elementos da nossa música, como as canções românticas dor-de-cotovelo, baladas, samba e da própria bossa nova. E através dessa mistura, pela primeira vez o Brasil teve uma música jovem, feita por jovens e para jovens. Entre os artistas que participaram dessa história são destacados os nomes, além dos três já citados: Eduardo Araújo, Silvinha, Ronnie Von, Jorge Ben, Waldirene, Ed Wilson, Jerry Adriani, Antônio Marcos, Martinha, Sérgio Reis, Rosemary, Leno e Lílian, Os Vips, Golden Boys, Trio Esperança, Vanusa, e as bandas Renato e Seus Blue Caps, Fevers, Os Incríveis, Jet Black´s, The Jordans, The Youngsters.

A Jovem Guarda além de música lançava também moda, as roupas dos astros eram imitadas, suas gírias (“papo firme”, “broto”, “é uma brasa, mora?”, entre outras) repetidas nas ruas e; algumas, assim como as canções resistem ainda hoje, 40 anos depois. Exatamente para conhecer, ou simplesmente relembrar essa época que no fundo parece jamais ter sido esquecida, ainda que estejamos falando de um país com fama de não ter memória, dois livros foram lançados no ano passado, Jovem Guarda Em Ritmo De Aventura, (Editora 34) de Marcelo Fróes, nos apresenta o antes, durante e depois da Jovem Guarda, de onde veio, o que fez e para onde foi cada um dos artistas que ajudaram a escrever essas páginas da música brasileira. Já o Almanaque da Jovem Guarda (Nos Embalos De Uma Década Cheia De Brasa, Mora?, Ed. Ediouro) de Ricardo Pugialli, também autor do livro “Os Embalos Da Jovem Guarda” mostra essa mesma história, porém como o título sugere, através de recortes, fotos e notas da imprensa, e no fim ainda conta com “Os Arquivos Secretos da Jovem Guarda” que tem até notas de um caderninho em formato de diário que Roberto Carlos manteve no ano de 1959, quando cantava bossa nova na boate Plaza em Copacabana. Os dois autores também já um escreveram um ótimo livro em parceria sobre os Beatles (Os Anos da Beatlemania), infelizmente fora de catalógo. Fica então aí a dica desses dois livros para quem quer conhecer melhor a história do rock na música popular brasileira. Como disse certa vez Eduardo Araújo: nem tudo que reluz é ouro, mas a Jovem Guarda teve momentos de autêntico Rock´n´Roll!!!


Fotos:Calhambeque(Esq. para dir.) Martinha, Erasmo Carlos, Roberto Carlos, Wanderley Cardoso, Eduardo Araújo e Wanderléa.
No palco do Jovem Guarda: Erasmo Carlos á esquerda e Roberto Carlos (guitarra) Wanderlá(a dire. de calça,)banda e dançarinas.
capas dos livros: Jovem guarda em Ritmo de Aventura e Almanaque da Jovem Guarda.



Post dedicado ao Leonardo Ribeiro (pelo interesse, valeu Brother) e Jéssica Bandeira (garotinha papo firme)...


Dicas de sites sobre os autores e os livros:
http://www.jovemguarda.com.br/
www.tucunare.bio.br