quinta-feira, agosto 30, 2007

Deixando Fluir – Show dos Mutantes em Belo Horizonte 05 de julho de 2007




Confesso que nunca fui fã dos Mutantes, gosto de uma canção ou outra, a banda sempre me pareceu exageradamente pretensiosa, muito embora eu sempre tenha nutrido interesse pelo trabalho do guitarrista Sérgio Dias por mais contraditório que isso possa parecer. Curto algumas coisas da mala Rita Lee, mais o pop dos anos 80 do que o rock dos 70 embora tenha vários bons momentos, mas por algum motivo resolvi ir ao show da formação atual (ingresso barato talvez) que me pareceu não agradar muito aos fãs de plantão (normal). Ah, para fechar o pacote, também nunca admirei nem um pouquinho (mas nem um pouquinho mesmo) a Zélia Duncan, atual vocalista. Apesar de tudo vi uns trechos do show em Londres na tevê e agradei. Depois de um desencontro na hora de comprar os ingressos por parte da minha amiga Natália, descobri que já haviam esgotado. Por mim tudo bem, eu não fazia questão realmente de ver o show e decidi mesmo ficar em casa. Às 18 horas, a Camila (outra amiga, mala igual a Rita Lee) me liga e propõe que a gente vá ao show pois sempre rola uns ingressos na porta, sabe como é...e seguindo a minha filosofia atual de deixar fluir, resolvi ir ao tal do show.

Ok, porta do local, “relax”, compro minha primeira lata de cerveja, a espera que o ingresso "venha" as minhas mãos. Vejo uma garota que por instantes penso ser uma conhecida, não era, o que não impediu que ela fosse amiga da minha amiga Natália que acabara de chegar no exato momento que ela negociava um ingresso com uma senhora que tinha dois sobrando (uma grande empresa patrocinava o show e havia distribuído alguns gratuitamente para os seus clientes) e por acaso um desses viria a ser minha entrada para o show.

Pronto. Lá dentro, a banda no palco; tento me situar e me encontrar naquele lugar, me sentindo totalmente um estranho no ninho por não ser fã da banda, tão pouco me identificar com o público, mas a idéia era deixar fluir. Um som embolado no começo não ajudava na percepção dos detalhes do que a banda tocava. Como eu desconfiava, a presença da vocalista Zélia Duncan não era nem um pouco justificável (musicalmente, pelo menos) a não ser por sua presença de palco, animação e sorriso simpático. A participação mais espiritual do que musical de Arnaldo Baptista (por acaso aniversariando no dia) já que um segundo tecladista se encarregava do "trabalho pesado" e seu microfone estava num volume baixo que escondia as notas desafinadas. Sobrou então para o senhor Sérgio Dias, grande motivo de minha ida ao espetáculo na verdade, que literalmente deu um show na guitarra (sua Régulus) com suas frases e timbres criativos. A banda se completa com o antigo baterista Dinho, a percussionista Simone Soul e a garota do backing vocal cujo nome não sei e que talvez não tenha assumido as primeiras vozes para não soar como uma cover da Rita. Lá pela terceira música comecei a entrar no clima ainda que permanecesse totalmente estático no meu lugar.
Grandes momentos foram garantidos com a performance de canções como “El Justiciero”, “Cantor de Mambo”, “Baby”, “Top Top”, “Desculpe, Baby”, “Fuga Nº. II”, “Balada do Louco”, “Meio Desligado”, “Minha Menina”, “Bat Macumba” e “Panis Et Circensis”.

Para meu espanto foi um belíssimo show, emocionate mesmo e a impressão que eu tive foi que assim como eu, a banda estava simplesmente deixando fluir...


A banda agradece ao público e Arnaldo faz suas flexões.