Oito de dezembro. Relembro aqui mais uma vez do dia das mortes de John e Tom e do show do Police no Maracanã em 2007. Dessa vez longe da cidade maravilhosa, me encontro na minha amada/odiada Belo Horizonte. Feriado, dia da padroeira da cidade, Nossa Senhora da Conceição, apesar disso, um dia de trabalho para mim. Eu gosto de BH em dia de feriado, cidade vazia, ruas com pouco movimento, trânsito quase parado, é bom para quem gosta de vagar pelas ruas e ver coisas que não se vê na correria dos dias comuns. Depois da labuta, preguiça de voltar para casa, o clima sugere um “buteco” no fim da tarde e lá vou. Rua da Bahia no centro, um bar que embora tenha sido o mais freqüentado nos últimos tempos eu nem sei o nome e não faço força para saber, para mim é o bar da Bahia e pronto. É assim que os amigos que o freqüentam comigo também o chamam. Porém, hoje a cerveja é solitária, como gosto de beber às vezes. Sentado, cerveja servida, Miles Davis no headphone e umas mexidas na internet pelo smartphone, coisa inimaginável para mim até uns poucos meses atrás, quando nem sequer usava celular (ainda prefiro o nome do bichinho no português de Portugal, “telemóvel”, tentei adotar o termo aqui, mas sempre soa estranho pros outros e eu ainda precisava explicar às vezes o que era). Sozinho sempre se observa mais, o movimento das outras mesas, os prédios do outro lado da rua e a gente mesmo. O garçom pergunta pelo amigo que entre outros sempre vai lá comigo, explico que hoje eu tinha ido por acaso, no último minuto antes de pegar o ônibus de volta para casa. Vem-me em mente a idéia de fazer uma música falando de um feriado em BH, o começo da letra me surge na cabeça, mas não tenho ânimo para continuar, penso que se meu amigo e parceiro musical Eduardo estivesse presente provavelmente faríamos a letra na hora como já fizemos outras vezes em mesa de bar e esse tema inclusive seria perfeito para ele, acho que ele entenderia (entende) muito bem o que eu gostaria de dizer nessa letra e tentarei dizer nesse texto, embora ache que não dá para exprimir de forma muito direta sem empréstimos poéticos.
De repente, bate uma saudade da Praça da Liberdade, penso comigo: “feriado, deve estar vazia com uma meia dúzia de punks por lá tocando violão no coreto”, como não custava muito chegar até lá, bastava subir alguns quarteirões a mais da rua, me pus a andar. No caminho, opa, um engarrafamento! Hein? Feriado em BH e um engarrafamento enorme? Mais para cima vejo um bom número de pessoas descendo a rua e avistando a praça de longe me dei conta da recém inaugurada iluminação de natal. Ah tá, todo mundo aproveitou o feriado para ir lá ver, e até que o trem ficou bonito, segurei meu lado chato para não ficar questionando quanto custou aquilo tudo, em algumas árvores umas luzes fazem um efeito de neve caindo (o eterno desejo caboclo de ser europeu, norte-americano ou qualquer país “chique” onde neve). Devido aos efeitos diuréticos da cerveja precisei de um banheiro, dei umas duas voltas pela praça procurando um sanitário químico e não achei nenhum, se tinha, estava bem escondido, tão bem escondido quanto o governador que se mandou do Palácio do Governo que fica na praça para a tal Cidade Administrativa lá nos confins do Judas, perto da cidade e Aeroporto de Confins. Super estratégico, fica longe do povo, das manifestações e ainda é uma ótima rota de fuga caso seja necessária algum dia. Enfim, a procura por um banheiro acabou me levando até a Biblioteca Pública que também fica pertinho da praça e devido a alguma atividade especial estava aberta àquela hora da noite. Estava com saudades de lá também, não do banheiro, mas da biblioteca, costumava passar um bom tempo durante a adolescência lá, hoje tento ir, mas o tempo não permite muito e os curtos rendimentos do trabalho pelo menos têm dado para comprar alguns livros que normalmente eu tomaria emprestados lá, ainda que também gostasse de freqüentar a sala de jornais e revistas e ficar lendo por lá. É um dos lugares que mais gosto na cidade.
No retorno até a praça testemunho a enorme presença de camisas do Cruzeiro em detrimento de nenhuma do Atlético-MG, reflexos da histórica goleada de 6 a 1 aplicada pelo time celeste sobre o arqui-rival no fim de semana na última rodada do Campeonato Brasileiro. Aparecem duas camisas do Grêmio e uma do Corinthians que se sagrou campeão esse ano no dia da morte de um de seus (e meus) maiores ídolos, o Dr. Sócrates...grande perda. Junto com o Zico ele foi um dos grandes heróis da minha infância que não jogou no meu time (o Cruzeiro Esporte Clube para quem não sabe). É a vida. Pego outra cerveja, como um acarajé nada baiano e volto para casa quase triste. Quase feliz.
Então, olha eu aqui. O nosso rei Roberto Carlos já disse isso em entrevista, que o que ele mais sente falta é fazer isso mesmo: Sentar numa mesa de bar na calçada e tomar um sorvete (diz ele) se bem que a gente sabe que ele mandaria um whiskão pra dentro. Mas sua postagem me remeteu a outro pensamento. Po, quanto tempo eu não faço isso? Muito tempo. Aqui em SP, faz tempo que não faço um tour assim, só quando eu era office boy que eu enrolava na rua o dia todo. Mano, parabéns por reativar o blog. Atualize sempre, abraços.
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ResponderExcluirFico feliz com a lembrança , tanto como parceiro, quanto como amigo.Gostaria de está junto nessa mesa de bar nesse dia para tentármos fazer uma música sobre esse tema.Aliás ,já passamos alguns oito de dezembro em uma mesa de bar,mas nunca tentamos fazer uma música sobre isso.
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