domingo, janeiro 19, 2014

John Pizzarelli – Meets The Beatles (1998)





Os Beatles têm, uma das obras mais regravadas da história da música pop, senão, a mais regravada de todas, por isso é sempre arriscado lançar-se num projeto do tipo, mas não para John Pizzarelli, o brilhante guitarrista de jazz norte-americano que em 1998 gravou esse que considero o melhor disco de releituras que já ouvi das canções dos FabFour. O disco privilegia claramente as canções de Paul McCartney. Poderiam ser consideradas como “mais do Paul” como ele mesmo diz em sua biografia Many Years From Now, dez das doze faixas do disco, ficando as exceções para “You´ve Got To Hide Your Love Away” que seria “mais do John Lennon” e “Here Comes The Sun” de George Harrison. “Can’t By Me Love” abre o disco com um clima dançante dando destaque aos metais, incluindo um solo de clarinete de Ken Peplowski e outro de guitarra e voz de Pizzarelli. Ela soa como uma trilha sonora dos filmes de Woody Allen, eu posso visualizar o início de alguns de seus filmes enquanto ouço. “I´ve Just Seen A Face” segue na mesma linha mais animada, mas agora o piano de Ray Kennedy, integrante do John Pizzarelli Trio ao lado do irmão do guitarrista, Martin Pizzarelli no contrabaixo, toma a dianteira. Impressionante como a levada do trio consegue manter o balanço e fazer com que você não sinta falta da bateria. “Here Comes The Sun” surge numa levada meio bossa com um belo solo de sax executado por Harry Allen. Pizzarelli literalmente se apropria das canções de tal forma que parecem terem sido compostas originalmente como se fossem jazz, “Things We Said Today” confirma isso através inclusive do fraseado de John nos vocais que também é um grande cantor. “You’ve Got To Hide Your Love Away” tem versão guitarra e voz com John Pizzarelli dando uma amostra do seu estilo de tocar, com harmonia e solos muito bem arquitetados. “Eleanor Rigby” aparece em versão instrumental onde reina a guitarra de Pizzarelli que provavelmente agradou muito ao Sir Paul com o disco e ano retrasado o convidou para tocar em seu álbum “Kisses On The Bottom” aonde o beatle fez o caminho inverso e gravou releituras de alguns standards do jazz (leia os comentários a respeito desse disco clicando aqui)

 “And I Love Her” tem um quê de música latina, tanto que Paul sempre a toca em seus shows no Brasil. Interessante notar que a orquestração e a levada meio “abolerada” lembra mais a gravação de Roberto Carlos em 1984 do que a dos Beatles. Embora gravada em 1967 no álbum Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band, “When I Sixty-Four” começou a ser composta por Paul quando ele tinha aproximadamente 15 anos de idade, e segundo ele, na ocasião não pensava em compor rock e sim um jazz para Frank Sinatra. Pizzarelli acentua a intenção de Paul que compôs ainda nos anos 60, “Martha My Dear” e “Honey Pie” que já tinham influências jazzísticas, ambas presentes no “White Album”. “Oh Darling” soa como música de strip-tease, durante o solo a guitarra de Pizzarelli dialoga com o trompete de Barry Ries. Em “Get Back”, Pizzarelli solta um pouco da sua veia rock tanto na pegada da guitarra quanto do vocal, a bateria de TonyTedesco também merece destaque. “The Long And Winding Road”  ganhou uma versão com uma belíssima orquestração de Don Sebesky que divide a produção com Pizzarelli. John encerra o álbum com “For No One”, outra tocante melodia de Paul McCartney.

Apesar de lançado em 1998 e eu ter ouvido algumas faixas no rádio durante esses anos, somente há cerca de dois meses ouvi esse disco na integra, depois de comprar o cd ao encontrá-lo por acaso num sebo, dá uma sensação enorme de arrependimento (ainda bem que ele não mata) por não tê-lo comprado há 15 anos na ocasião do lançamento. No encarte, Pizzarelli agradece a John, Paul, George e Ringo por redefinirem a canção popular para todas as gerações. Ele por sua vez, ajudou a levar a música dos Beatles para mais um estilo da música popular.

3 comentários:

  1. Se a minha memória não falha, eu vi ele falando sobre esse disco até tocando uma faixa no Programa do Jô nessa época. Eu gosto de releitura, quando não descaracteriza a música, e quando traz uma real nova abordagem também. Não ouvi esse disco, mas se meu amigo Robert Moura disse, eu vou atrás com certeza.
    Abraço mano.

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  2. Pode ir atrás sem medo, mano.

    Discaço!

    Grande abraço!

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