
Logo na primeira música do show "Message In A Bottle" a banda já mostrou a que veio e
sinceramente só essa abertura já teria valido o show. Na sequência vieram "Sincronicity II" e "Walkin On The Moon" que seguraram o clima empolgado da primeira canção e depois "Voices Inside My Head", "When The World Is Running Down" e "Don´t Close To Me" enquanto a banda desfilava toda a sua elegância musical. Sting arriscava umas frases em português nos intervalos das canções como: "obrigado", “que saudade do Brasil” ou "vocês querem cantar comigo?", até com certa fluência, incomum nos roqueiros ingleses que baixam na terra de Machado de Assis, por certo, resultado do antigo namoro com o Brasil através das amizades com o já citado compositor Tom Jobim ou os tempos de Floresta Amazônica com o Cacique Raoni. E o deleite seguia com "Driven To Tears", "Hole In My Life", "Truth Hits Everybody". Apesar do longo intervalo de mais de vinte anos a banda manteve no palco uma unidade ímpar numa combinação perfeita de técnica e emoção, com a bateria precisa de Copeland, os grooves de baixo marcantes e dançantes de Sting, e as belas texturas e solos de guitarra de Summers, tudo executado de forma bastante sedutora. Dispensáveis comentários para o equipamento, som, telões e todo o aparato técnico.


A banda ainda tocou uma saraivada de hits alucinantes um após o outro, “Every Little Thing She Does Is Magic” (minha predileta), “Wrapped Around Your Finger”, “De Do Do Do De Da Da Da”, “Invisible Sun”, “Walking In Your Footsteps”, “Can't Stand Losing You”, “Roxanne”, “King Of Pain” (numa versão que superou de longe a original) e “So Lonely” para encerrar no bis com “Every Breathe You Take” sempre com os improvisos que só um trio tem liberdade pra fazer, e mais do que liberdade eles têm uma extrema competência.
Ainda que pareça clichê, no show realizado no Rio durante o verão, tudo cheirava a alegria, carnaval e sensualidade. Se dois amigos chamaram o show de Roger Waters em fevereiro de orgasmo estético posso afirmar que esse show também foi um orgasmo, mas sexual mesmo.