segunda-feira, junho 25, 2012

Joni Mitchell - Blue (1971)



  1. All I Want
  2. My Old Man
  3. Little Green
  4. Carey
  5. Blue
  6. California
  7. This Flight Tonight
  8. River
  9. A Case Of You
  10. The Last Time I Saw Richard


Descobri esse disco faz alguns anos, mas desconhecia o seu enorme sucesso e importância na carreira de Joni Mitchell, além de já gostar da cantora, talvez a bonita capa tenha me atraído em especial, assim como o nome que é o da minha cor predileta, embora nesse caso o colorido seja outro, a palavra que em inglês significa "azul", mas também quer dizer “dor”, aparece na faixa título como um apelido carinhoso para uma pessoa. Mesmo carregando o blues no nome, é um disco com forte influência folk (estilo que eu costumo assimilar à nossa dita MPB por também se tratar de um seguimento onde prevalece o violão e a voz em canções aonde as letras tem tanta ou muito mais importância do que as músicas feitas por compositores geralmente bons, mas que não sabem cantar e tão pouco tocar violão em sua esmagadora maioria). Bem, o fato é que a Joni toca e canta muito (!) e o disco é recheado de belos timbres e arranjos de violão que imperam nesse trabalho praticamente todo acústico (com exceção para o uso do baixo e do pedal steel em algumas poucas faixas), aonde o piano também cria bons acompanhamentos à voz da cantora. Além de cantar, ela toca piano, violão e dulcimer e conta com o auxílio de músicos de primeira linha: Stephen Stills toca baixo e violão em “Carey”; James Taylor toca violão em “California”, “All I Want”, e “Case Of You”; Sneeky Pete toca pedal steel em “California” e “This Flight Tonight”, Russ Kunkel faz a percussão em “California”, “Carey” e “Case Of You”.  

Joni Mitchell assina sozinha todas as faixas do disco e equaliza brilhantemente as músicas com letras que tratam quase que exclusivamente de relacionamentos amorosos, digo “quase” porque em um momento ou outro Joni aproveita para fazer uma crítica social ou política que também sempre foi uma marca do seu trabalho. Totalmente introspectivo e melancólico, como não poderia deixar de ser um álbum com esse título e temáticas, as canções vão direto ao ponto com melodias ricas que fogem do banal e surpreendem a cada nova frase musical. Na letra de "Blue", Joni diz que “songs are like tattoos (canções são como tatuagens)”. Perfeito! Posso dizer que tenho essas dez belas canções tatuadas em mim.  



Ainda: enquanto procurava uma imagem da capa do disco para ilustrar o post, encontrei um blog que trata exclusivamente desse disco com vídeos, entrevistas, fotos...vou começar a explorá-lo agora, parece bem bacana, para quem quiser conferir, segue aí: http://jonimitchellblue.blogspot.com.br/

domingo, junho 10, 2012

Suíte Gargalhadas – Cento e tantas histórias engraçadas sobre música e músicos – Henrique Cazes




A dica da vez é o livro Suíte Gargalhadas de Henrique Cazes que tem o subtítulo Cento e tantas histórias engraçadas sobre música e músicos.  Lançado pela Editora José Olympio em 2002, o livro não parece ter tido outras edições, embora seja bem interessante e engraçado como se propõe, mas ainda pode ser encontrado em alguns sites de livrarias. Ser músico por si só nesse país já é uma piada e o cavaquinista Henrique Cazes conseguiu garimpar e selecionar uma boa coleção de histórias e casos que ele juntou nesse livro de crônicas curtas que ocupam cada uma no máximo duas páginas. Vários nomes famosos do cenário musical brasileiro aparecem no livro, sendo que o autor não se preocupou em procurar confirmar a veracidade dos fatos, o que vale é que o caso seja engraçado, entre eles Noel Rosa, Aracy de Almeida, Paulo Moura, Radamés Gnattali, Nelson Cavaquinho, Wilson das Neves, Tom Jobim, Chico Buarque, Nelson Gonçalves, Zé Kéti, Cazuza e Angêla Rô Rô.

O universo de Henrique Cazes é o samba e o choro, e esse ambiente é o que prevalece na maioria dos casos, mas escolhi uma crônica que fala sobre rock para publicar aqui e dar uma idéia do livro. Segue abaixo:

ENTERRO DE GUITARRISTA (Extraído do livro "Suíte Gargalhadas - Cento e tantas histórias engraçadas sobre música e músicos", Editora José Olympio - Rio de Janeiro, 2002, pág. 75)

A morte de um guitarrista de rock brasiliense foi um trauma pra turma roqueira do planalto. No enterro a rapaziada compareceu em peso e, com seus trajes extravagantes, criava um contraste curioso com a família do rapaz, composta por sisudos funcionários federais.

Quando o caixão desceu, o pai do rapaz quis dizer alguma coisa mas sua emoção não deixou. Pediu então a um guitarrista amigo de seu filho que dissesse algumas palavras de despedida.

O guitarrista continuou de cabeça baixa, com os cabelos encobrindo o rosto, e foi logo dizendo:

- Pô, cara, esse lance de falar não é comigo. O meu lance é tocar...

Os outros membros da turma ali presentes deram o incentivo que faltava:

- Fala aí, você era o mais chegado a ele.

Diante da situação o guitarrista se aproximou da sepultura e respirou fundo, fitou o caixão e ficou pensando no que iria dizer. De repente, alisou a madeira de lei do caixão e saiu com essa:

- Pô, maneira a case do cara, aê.

Pra quem não está acostumado, case é como os músicos de rock e jazz chamam o estojo do instrumento.