A dica da vez é o livro Suíte
Gargalhadas de Henrique Cazes
que tem o subtítulo Cento e tantas
histórias engraçadas sobre música e músicos. Lançado pela
Editora José Olympio em 2002, o livro não parece ter tido outras edições,
embora seja bem interessante e engraçado como se propõe, mas ainda pode ser
encontrado em alguns sites de livrarias. Ser músico por si só nesse país já é
uma piada e o cavaquinista Henrique Cazes conseguiu garimpar e selecionar
uma boa coleção de histórias e casos que ele juntou nesse livro de crônicas
curtas que ocupam cada uma no máximo duas páginas. Vários nomes famosos do
cenário musical brasileiro aparecem no livro, sendo que o autor não se
preocupou em procurar confirmar a veracidade dos fatos, o que vale é que o caso
seja engraçado, entre eles Noel Rosa,
Aracy de Almeida, Paulo Moura, Radamés Gnattali, Nelson
Cavaquinho, Wilson das Neves, Tom Jobim, Chico Buarque, Nelson
Gonçalves, Zé Kéti, Cazuza e Angêla Rô Rô.
O universo de Henrique Cazes é o samba e o choro, e esse
ambiente é o que prevalece na maioria dos casos, mas escolhi uma crônica que
fala sobre rock para publicar aqui e dar uma idéia do livro. Segue abaixo:
ENTERRO DE
GUITARRISTA (Extraído do livro
"Suíte Gargalhadas - Cento e tantas histórias engraçadas sobre música e
músicos", Editora José Olympio - Rio de Janeiro, 2002, pág. 75)
A morte de um guitarrista de rock brasiliense foi um trauma
pra turma roqueira do planalto. No enterro a rapaziada compareceu em peso e,
com seus trajes extravagantes, criava um contraste curioso com a família do
rapaz, composta por sisudos funcionários federais.
Quando o caixão desceu, o pai do rapaz quis dizer alguma
coisa mas sua emoção não deixou. Pediu então a um guitarrista amigo de seu
filho que dissesse algumas palavras de despedida.
O guitarrista continuou de cabeça baixa, com os cabelos
encobrindo o rosto, e foi logo dizendo:
- Pô, cara, esse lance de falar não é comigo. O meu lance é
tocar...
Os outros membros da turma ali presentes deram o incentivo
que faltava:
- Fala aí, você era o mais chegado a ele.
Diante da situação o guitarrista se aproximou da sepultura e
respirou fundo, fitou o caixão e ficou pensando no que iria dizer. De repente,
alisou a madeira de lei do caixão e saiu com essa:
- Pô, maneira a case
do cara, aê.
Pra quem não está acostumado, case é como os músicos de rock e jazz chamam o estojo do
instrumento.
Opa mano. Tava esperando um post desse livro mesmo. Aliás, quero adquirí-lo. Com esse texto já dá pra ter uma idéia do restante do livro. "Maneira a case do cara" é bem o jeitão de comentário de músico mesmo, rs. Músico é tudo gênio incompreendido mesmo. Ele vê o mundo diferente, analisa as coisas de uma maneira diferente. Não que sejamos limitados, não somos. Quando o músico é compositor também, tudo inspira a escrever. Bela postagem mano. Realmente, como vc disse: "Ser músico no Brasil, já é uma piada". Abraços
ResponderExcluirUai, o único leitor desse blog não irá comentar?
ResponderExcluirAcho que vai gostar do livro, mano, e ele tem umas histórias bem mais pesadas do que essa, se é que me entende, hehe.
ResponderExcluirTaí, Rafael.
ResponderExcluirTaí Rafael? Como assim Mr. Robert?
ResponderExcluirO comentarista oficial do blog comparecendo, hehe.
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