domingo, junho 10, 2012

Suíte Gargalhadas – Cento e tantas histórias engraçadas sobre música e músicos – Henrique Cazes




A dica da vez é o livro Suíte Gargalhadas de Henrique Cazes que tem o subtítulo Cento e tantas histórias engraçadas sobre música e músicos.  Lançado pela Editora José Olympio em 2002, o livro não parece ter tido outras edições, embora seja bem interessante e engraçado como se propõe, mas ainda pode ser encontrado em alguns sites de livrarias. Ser músico por si só nesse país já é uma piada e o cavaquinista Henrique Cazes conseguiu garimpar e selecionar uma boa coleção de histórias e casos que ele juntou nesse livro de crônicas curtas que ocupam cada uma no máximo duas páginas. Vários nomes famosos do cenário musical brasileiro aparecem no livro, sendo que o autor não se preocupou em procurar confirmar a veracidade dos fatos, o que vale é que o caso seja engraçado, entre eles Noel Rosa, Aracy de Almeida, Paulo Moura, Radamés Gnattali, Nelson Cavaquinho, Wilson das Neves, Tom Jobim, Chico Buarque, Nelson Gonçalves, Zé Kéti, Cazuza e Angêla Rô Rô.

O universo de Henrique Cazes é o samba e o choro, e esse ambiente é o que prevalece na maioria dos casos, mas escolhi uma crônica que fala sobre rock para publicar aqui e dar uma idéia do livro. Segue abaixo:

ENTERRO DE GUITARRISTA (Extraído do livro "Suíte Gargalhadas - Cento e tantas histórias engraçadas sobre música e músicos", Editora José Olympio - Rio de Janeiro, 2002, pág. 75)

A morte de um guitarrista de rock brasiliense foi um trauma pra turma roqueira do planalto. No enterro a rapaziada compareceu em peso e, com seus trajes extravagantes, criava um contraste curioso com a família do rapaz, composta por sisudos funcionários federais.

Quando o caixão desceu, o pai do rapaz quis dizer alguma coisa mas sua emoção não deixou. Pediu então a um guitarrista amigo de seu filho que dissesse algumas palavras de despedida.

O guitarrista continuou de cabeça baixa, com os cabelos encobrindo o rosto, e foi logo dizendo:

- Pô, cara, esse lance de falar não é comigo. O meu lance é tocar...

Os outros membros da turma ali presentes deram o incentivo que faltava:

- Fala aí, você era o mais chegado a ele.

Diante da situação o guitarrista se aproximou da sepultura e respirou fundo, fitou o caixão e ficou pensando no que iria dizer. De repente, alisou a madeira de lei do caixão e saiu com essa:

- Pô, maneira a case do cara, aê.

Pra quem não está acostumado, case é como os músicos de rock e jazz chamam o estojo do instrumento.

6 comentários:

  1. Opa mano. Tava esperando um post desse livro mesmo. Aliás, quero adquirí-lo. Com esse texto já dá pra ter uma idéia do restante do livro. "Maneira a case do cara" é bem o jeitão de comentário de músico mesmo, rs. Músico é tudo gênio incompreendido mesmo. Ele vê o mundo diferente, analisa as coisas de uma maneira diferente. Não que sejamos limitados, não somos. Quando o músico é compositor também, tudo inspira a escrever. Bela postagem mano. Realmente, como vc disse: "Ser músico no Brasil, já é uma piada". Abraços

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  2. Uai, o único leitor desse blog não irá comentar?

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  3. Acho que vai gostar do livro, mano, e ele tem umas histórias bem mais pesadas do que essa, se é que me entende, hehe.

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  4. Taí Rafael? Como assim Mr. Robert?

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  5. O comentarista oficial do blog comparecendo, hehe.

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