Na postagem anterior sobre o disco Kisses On The Bottom de Paul
McCartney, eu disse que não queria escrever sobre o disco a partir
simplesmente da audição do mp3 (embora o tenha feito) e o que me fez pensar nisso foi o recém adquirido CD No Baggage da cantora Dolores O´riordan que embora lançado em
2009 só comprei esse ano, até então ouvia-o em mp3, embora não fique abordando
aqui sobre a parte técnica das gravações, faz muita diferença a qualidade dos
timbres e no caso desse disco, houve uma série de detalhes que só percebi ao
ouvir o CD com a qualidade de áudio decente. Em resumo: mp3 quebra um galho, mas se
quiser qualidade compre os discos! (nem precisava dizer, né?)
Para quem não sabe, Dolores O’riordan é a vocalista da banda
irlandesa The Cranberries, esse foi
o segundo disco solo (e último até então) lançado por ela. O curioso é que na
época, final de 2009, a banda estava parada, sem previsão de volta e cerca de
dois meses depois do lançamento do disco, eles anunciaram sua reunião e saíram
em turnê pelo mundo, passando inclusive pelo Brasil e a minha Belo Horizonte
(texto sobre o show aqui). Esse ano, eles lançaram Roses, o sétimo álbum da banda e seguem firme na estrada.
No Baggage não
foge muito da linha do Cranberries, até porque Dolores sempre foi também a
principal compositora da banda e assina sozinha praticamente todas as canções do álbum, as exceções são Be Careful e Fly Through feitas em parceria com Dan Brodbeck com quem também divide a produção do disco composto de rocks de colorido pop com refrões ganchudos e
belas baladas que soam perfeitas na voz peculiar e encantadora de Dolores. No
disco, ela toca apenas piano, se abstendo dos violões e
guitarras que ela costuma gravar com o Cranberries, a banda que a acompanhou no
CD é formada por Dan Brodbeck
(guitarras), Dennis Demarchi (piano), Ger Farrel (bateria), Steve Demarchi (guitarra em Supid), Marco Mendonza (baixo em The
Journey), Corey Thompson
(bateria em Stupid e percussão em Throw Your Arms Around Me) e Matt Grady (digeridoo na faixa Throw Your Arms Around Me).
O disco abre com a pungente Switch Off The Moment que fala sobre perturbações mentais e de personalidade, temas sempre recorrentes nas composições de Dolores, e já dá a cara da
sonoridade e arranjos do álbum, instrumentação enxuta e com detalhes sutis
fazendo uma textura sob medida para a voz de Dolores. A propósito dos meus comentários no início da postagem, os belos
graves presentes no disco foi uma coisa que só consegui perceber a partir da
audição do CD. Skeleton segue a mesma
linha da primeira faixa, rock com pegada vigorosa. A primeira balada surge na
terceira faixa, It´s You, Dolores
canta com suavidade e a letra me fez observar um elemento comum em várias de
suas composições que é a repetição de uma
mesma frase com pequenas variações melódicas ou simplesmente dinâmicas comum na
música coral. Em The Journey ela puxa
novamente para a mola-mestra que parece conduzir o disco, temas e sonoridades que sugerem uma
viagem sem destino e sem bagagem por caminhos de paisagens naturais como nas
fotos da capa e do encarte. Stupid é outra balada na qual Dolores
explora muito bem a composição melódica e a interpretação vocal, mais um bom
momento do disco. Dos rocks, a minha faixa predileta é Be Careful, aonde Dolores usa muito bem
mais uma vez a repetição de frases, o que poderia ser visto talvez como falta
de criatividade, acaba se revelando uma opção de estilo. Na letra, Dolores
mostra um lado consciente (outros diriam conservador) que ela sempre teve desde os Cranberries ao falar de questões morais como as
drogas, mas sem parecer ou querer ditar regras. Apple Of My Eye aparece na sequência voltando à tônica baladeira da
compositora. Throw Your Arms Around Me
tem uma sonoridade mais exótica com característica tribal extenuada com o uso
do digeridoo (um instrumento de sopro originado dos aborígenes australianos) e da percussão. Fly Through,
fala sobre o envelhecimento, mas de uma maneira otimista que me lembrou a canção Borrowed Time de John Lennon que também aborda o tema de uma maneira similar. Sem
dúvidas a mais bela canção do álbum é Lunatic
com uma melodia rica e um delicado piano fazendo acompanhamento
à voz de Dolores. Tranquilizer, definitivamente
tem cara de última faixa de um disco, parece programada para ser um
encerramento ou um bis e deixa aquele clima: mudo o disco ou coloco para
repetir?
Well. Então. Todavia. Eu diria que... Se bem que. Eu arriscaria dizer que. Concordo, mas eu ainda acho um tanto...
ResponderExcluirBom mano, pra tu ver que eu tentei. Dolores é um Jiló na minha vida. Não gosto. Não, nunca comi (Jiló)nem a Dolores, claro. Mas o teor de não gostar dos dois é igual. Minha birra com ela começou logo na primeira música que ouvi com os Craberros. Zombie. Ali eu já não gostei de cara.
O refrão
In your head, in your head
Zombie, zombie, zombie hey, hey
What's in your head? In your head
Zombie, zombie, zombie?
Hey, hey, hey, oh, dou, dou, dou, dou, dou...
Sou meio leigo em técnica vocal, mas ela dá um salto com a voz que me irrita. Pra não dizer que só vim meter o pau porque não gosto da mulher, li a sua postagem e dei uma busca por aí nas canções do álbum. E adivinhe: Continuo não gostando dela hehe.
Mas o que você falou é certo. Tem que ouvir o original para ter um ganho total de graves, médios e agudos. O Mp3 serve para quebrar o galho apenas.
Abraço mano, desculpe a sinceridade. uauuauahuha
...esse comentário foi bom para um certo amigo meu que diz que eu só aceito os comentários positivos aqui no blog, hauhauhaua...a Dolores tem uma voz bem peculiar mesmo do tipo "ame ou odeie", mas associar a menina ao jiló é sacanagem!...quer dizer, na verdade nem tanto porque acredite se quiser: eu gosto de jiló, rsrsrsrsrs
ResponderExcluirAbraço, mano!
é, no caso dela, amar é difícil mesmo. No caso do jiló tbm. É assim, ela é apenas mais uma da lista do que não me desce. O que o Cranberries fez, mesmo prestando atenção nos arranjos, sei lá, não acrescenta nada ao que eu já ouvi. Você mesmo disse que sou reclamão no outro post, rs. Então depois que se escuta Beatles, Roberto, Elvis, Mutantes, Led Zeppelin, Janis, Hendrix, Doors, fica difícil ver graça em outras coisas. Existem claro outros artistas e bandas de quem gosto muito. Mas a Dolores aí, bicho, é tua.
ResponderExcluirEntendo sua visão, mano, mas quanto a isso, eu vou me dar a licença de citar a mim mesmo nesse trecho de um post desse blog sobre a discografia deles:
ResponderExcluir"A banda conseguiu nesse período produzir uma obra consistente e que deve permanecer, os integrantes nunca foram virtuoses em seus instrumentos, com um destaque maior apenas para o baterista Feargal, mas como estamos falando de rock e música popular isso não é o principal, e sim a alma, a musicalidade impressa nas canções, e isso eles tiveram de sobra..."
...e enfim, não precisa revolucionar para ser bom...aliás, O Led eu respeito muito pela autenticidade, agora Doors e Mutantes eu já acho um bocadinho picaretas e grandes beneficiados dos mitos marketeiros.
...quem dera que a Dolores fosse minha, hauhauhau, to com essa bola toda não...
Ah, bicho, Led e Mutantes beneficiados de mitos marketeiros? Num entendi. Mas tudo bem. hehe.
ResponderExcluirRealmente, "... a alma, a musicalidade impressa nas canções". Prometo que se der um dia eu os ouça com atenção.
Abraço mano.
Não, o Led eu acho massa, tem horas que gosto e outras que detesto (to pra fazer um post aqui falando sobre essa "minha relação" com a banda), eu falei isso em relação ao Doors e os Mutantes, embora reconheça o valor deles, acho que tem muito aquela coisa mítica, o Doors sobretudo.
ResponderExcluirGrande abraço!