Como parte do curso de Música – Bacharelado em Instrumento
(Violão) da Escola de Música da UEMG (Universidade do Estado de Minas
Gerais), no dia 9 de dezembro, realizarei um recital de violão clássico. A
apresentação será em parceria com meu amigo, Felipe Anunciação. Tocaremos peças solos e faremos um duo no final
do espetáculo. O repertório é todo composto por obras de compositores
brasileiros: Heitor Villa-Lobos, Guerra-Peixe, Radamés Gnattalli, Dilermando
Reis, Ernesto Nazareth, Garoto, Baden Powell e Egberto
Gismonti.
Embora não esteja diretamente ligado à música, o título do
recital, Noturno da Rua da Lapa, foi
inspirado no poema homônimo de Manuel
Bandeira. Ele tem a intenção de ressaltar o Brasil, e mais especificamente,
o Rio de Janeiro, tendo o bairro da Lapa como palco, e a influência do choro,
em especial, nas obras que serão apresentadas no programa.
NOTURNO DA RUA DA LAPA
Manuel Bandeira
A janela estava aberta. Para o que não sei, mas o que entrava
era o vento dos lupanares, de mistura com o eco que se partia
nas curvas cicloidais, e fragmentos do hino da bandeira.
Não posso atinar no que eu fazia: se meditava, se morria
de espanto ou se vinha de muito longe.
Nesse momento (oh! por que precisamente nesse mo-
mento?...) é que penetrou no quarto o bicho que voava, o ar-
ticulado implacável, implacável!
Compreendi desde logo não haver possibilidade alguma
de evasão. Nascer de novo também não adiantava. - A
bomba de flit! pensei comigo, é um inseto!
Quando o jacto fumigatório partiu, nada mudou em
mim; os sinos da redenção continuaram em silêncio; nenhu-
ma porta se abriu nem fechou. Mas o monstruoso animal
FICOU MAIOR. Senti que ele não morreria nunca mais, nem
sairia, conquanto não houvesse no aposento nenhum busto
de Palas, nem na minhalma, o que é pior, a recordação per-
sistente de alguma extinta Lenora.
Manuel Bandeira
A janela estava aberta. Para o que não sei, mas o que entrava
era o vento dos lupanares, de mistura com o eco que se partia
nas curvas cicloidais, e fragmentos do hino da bandeira.
Não posso atinar no que eu fazia: se meditava, se morria
de espanto ou se vinha de muito longe.
Nesse momento (oh! por que precisamente nesse mo-
mento?...) é que penetrou no quarto o bicho que voava, o ar-
ticulado implacável, implacável!
Compreendi desde logo não haver possibilidade alguma
de evasão. Nascer de novo também não adiantava. - A
bomba de flit! pensei comigo, é um inseto!
Quando o jacto fumigatório partiu, nada mudou em
mim; os sinos da redenção continuaram em silêncio; nenhu-
ma porta se abriu nem fechou. Mas o monstruoso animal
FICOU MAIOR. Senti que ele não morreria nunca mais, nem
sairia, conquanto não houvesse no aposento nenhum busto
de Palas, nem na minhalma, o que é pior, a recordação per-
sistente de alguma extinta Lenora.
Libertinagem,
1930
Todos convidados!
Noturno da Rua da
Lapa – Recital de Violão Clássico com Felipe Anunciação e Robert Moura
Local: Auditório Fernando Coelho - Escola de Música
da UEMG - Rua Riachuelo, 1351, Padre Eustáquio. BH/MG
Data: 09/12
Horário: 20h
Entrada Franca
Ainda: amanhã às 9h16 participarei de uma audição de música
antiga interpretando obras de Sylvius Leopold Weiss e John Dowland também na
Escola de Música da UEMG.
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