domingo, agosto 02, 2015

Nos Bastidores do Pink Floyd – Mark Blake






Editado originalmente em 2007 com o nome bem mais interessante Pigs Might Fly: The Inside History of Pink Floyd, o livro do jornalista Mark Blake é uma aprofundada biografia da banda e seus integrantes. No Brasil, provavelmente devido a questões de marketing, ele recebeu o título menos representativo de Nos Bastidores do Pink Floyd, uma vez que a tradução do título original seria algo como “Os Porcos Podem Voar: Por Dentro da História do Pink Floyd”, tendo aqui os “porcos voadores” uma alusão ao suíno voador inflável que ilustra a capa do disco Animals, e que se tornou parte de alguns shows da banda. 

O Pink Floyd é provavelmente, entre as bandas de grande sucesso surgidas entre as décadas de 1960 e 1970, a que tem sua história mais obscurecida, o que se deveu em grande parte a aversão de seus integrantes à grande mídia, em especial a postura do baixista, compositor e vocalista Roger Waters que evitava ao máximo dar entrevistas. Hábito também cultivado pelos outros integrantes da banda, David Gilmour, Rick Wright e Nick Mason. Esse, aliás, é um dos temas do qual o livro trata, a conturbada relação da banda com a mídia. Há de se dizer que o que não falta na história da banda são relações conturbadas. Assim como foi sua convivência com a imprensa, também foram as relações da banda com as gravadoras, entre os integrantes e mesmo da banda com seu público. (Devido exatamente a essa postura, eu custei para saber um pouco mais a respeito da banda quando comecei a ouvi-la no começo dos anos 1990. Durante algum tempo, uma fitinha k7 gravada de um especial no rádio, um disco de vinil emprestado por um amigo que não trazia nenhuma imagem dos integrantes eram toda a informação que eu tinha sobre o Floyd. A primeira vez que vi a "cara da banda" foi numa resenha publicada numa revista que trazia uma foto não muito nítida dos integrantes sentados na beirada do palco nos anos 1970).

Blake conseguiu equilibrar bem a presença de cada um dos integrantes da banda nas 454 páginas do livro, embora ele fatalmente acabe focando bastante na figura de Roger Waters, e em momento algum ele abandone a existência de Syd Barret na história do Floyd. O autor realizou um esmiuçado histórico do processo de gravação de todos os discos da banda (incluindo também os discos solos) e análise dos mesmos, bem como das turnês que eles realizaram. O texto começa pelo fim, ou por o que foi o último encontro público da banda tocando no dia 2 de julho de 2005, quando a improvável reunião de Waters, Gilmour, Wright e Mason se deu no palco do evento Live 8 em Londres. Vale lembrar que o livro foi publicado um ano antes da morte de Rick Wright. Em seguida, Blake já assume a ordem cronológica dos fatos, buscando lembranças da infância e adolescência dos músicos e dos primórdios da criação da banda, os caminhos que eles trilharam no underground até atingiram o estrelato e a fama com a qual a banda conviveu com certa dose de angustia e descontentamento, fruto da superficialidade gerada pela popularidade. Tema que seria inclusive o mote principal do disco The Wall. O livro retrata de forma bastante direta a verdade musical e psicológica da banda para além do bem e mal.



Ainda: Fatalmente as biografias que me interessam são aquelas que investigam a vida do biografado no sentido em que a mesma dialoga e tem importância com sua obra, mas às vezes também é legal descobrir algumas informações aparentemente bobas como o fato de David Gilmour ter contratado duas bandas covers para tocar em sua festa de 50 anos, uma de Pink Floyd e outra de Beatles, e ainda saber que George Harrison estava presente na festa.

2 comentários:

  1. Esse é o meu mano. Estou muito feliz que tenha voltado à ativa, já disse e repito que sou fã das suas postagens e resenhas. Mas... realmente... mas realmente... rs, Pink Floyd não é minha praia. Você sempre me disse não entender o fato de eu não morrer de amores pelo Floyd, devo confessar que eu mesmo não entendo, hehe. Mas como sempre, bela resenha mano, parabéns e mantenha o ritmo. Não deixe de postar nunca.

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    1. Eu já esperava essa sua "recepção calorosa" para o Pink Floyd,mano, haha...lamento, mas acho que eles vão frequentar as páginas aqui do RockNGeral com mais frequência. Quem sabe você aprende a gostar? Depois de 8 meses afastado, voltarei a postar semanalmente.

      Abraço!

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