Editado originalmente em 2007 com
o nome bem mais interessante Pigs Might
Fly: The Inside History of Pink Floyd, o livro do jornalista Mark Blake é uma aprofundada biografia
da banda e seus integrantes. No Brasil, provavelmente devido a questões de
marketing, ele recebeu o título menos representativo de Nos Bastidores do Pink Floyd, uma vez que a tradução do título
original seria algo como “Os Porcos Podem Voar: Por Dentro da História do Pink
Floyd”, tendo aqui os “porcos voadores” uma alusão ao suíno voador inflável que
ilustra a capa do disco Animals, e
que se tornou parte de alguns shows da banda.
O Pink Floyd é provavelmente, entre as bandas de grande sucesso
surgidas entre as décadas de 1960 e 1970, a que tem sua história mais
obscurecida, o que se deveu em grande parte a aversão de seus integrantes à
grande mídia, em especial a postura do baixista, compositor e vocalista Roger Waters que evitava ao máximo dar
entrevistas. Hábito também cultivado pelos outros integrantes da banda, David Gilmour, Rick Wright e Nick Mason.
Esse, aliás, é um dos temas do qual o livro trata, a conturbada relação da
banda com a mídia. Há de se dizer que o que não falta na história da banda são
relações conturbadas. Assim como foi sua convivência com a imprensa, também
foram as relações da banda com as gravadoras, entre os integrantes e mesmo da
banda com seu público. (Devido exatamente
a essa postura, eu custei para saber um pouco mais a respeito da banda quando
comecei a ouvi-la no começo dos anos 1990. Durante algum tempo, uma fitinha k7 gravada de um
especial no rádio, um disco de vinil emprestado por um amigo que não trazia
nenhuma imagem dos integrantes eram toda a informação que eu tinha sobre o Floyd. A primeira vez que
vi a "cara da banda" foi numa resenha publicada numa revista que trazia uma foto não muito nítida dos integrantes sentados na beirada do palco
nos anos 1970).
Blake conseguiu
equilibrar bem a presença de cada um dos integrantes da banda nas 454 páginas
do livro, embora ele fatalmente acabe focando bastante na figura de Roger Waters, e em momento algum ele
abandone a existência de Syd Barret
na história do Floyd. O autor realizou um esmiuçado histórico do processo de
gravação de todos os discos da banda (incluindo também os discos solos) e análise dos mesmos, bem como das turnês
que eles realizaram. O texto começa pelo fim, ou por o que foi o último encontro público
da banda tocando no dia 2 de julho de 2005, quando a improvável reunião de
Waters, Gilmour, Wright e Mason se deu no palco do evento Live 8 em Londres.
Vale lembrar que o livro foi publicado um ano antes da morte de Rick Wright. Em
seguida, Blake já assume a ordem cronológica dos fatos, buscando lembranças da
infância e adolescência dos músicos e dos primórdios da criação da banda, os
caminhos que eles trilharam no underground até atingiram o estrelato e a fama com
a qual a banda conviveu com certa dose de angustia e descontentamento, fruto da
superficialidade gerada pela popularidade. Tema que seria inclusive o mote
principal do disco The Wall. O livro
retrata de forma bastante direta a verdade musical e psicológica da banda para além do bem e
mal.
Ainda: Fatalmente as biografias
que me interessam são aquelas que investigam a vida do biografado no sentido em
que a mesma dialoga e tem importância com sua obra, mas às vezes também é legal
descobrir algumas informações aparentemente bobas como o fato de David Gilmour ter contratado duas
bandas covers para tocar em sua festa
de 50 anos, uma de Pink Floyd e outra de Beatles, e ainda saber que George Harrison estava presente na
festa.
Esse é o meu mano. Estou muito feliz que tenha voltado à ativa, já disse e repito que sou fã das suas postagens e resenhas. Mas... realmente... mas realmente... rs, Pink Floyd não é minha praia. Você sempre me disse não entender o fato de eu não morrer de amores pelo Floyd, devo confessar que eu mesmo não entendo, hehe. Mas como sempre, bela resenha mano, parabéns e mantenha o ritmo. Não deixe de postar nunca.
ResponderExcluirEu já esperava essa sua "recepção calorosa" para o Pink Floyd,mano, haha...lamento, mas acho que eles vão frequentar as páginas aqui do RockNGeral com mais frequência. Quem sabe você aprende a gostar? Depois de 8 meses afastado, voltarei a postar semanalmente.
ExcluirAbraço!