Embora tenham realizado bons trabalhos com Bridges to Babylon (1997) e A Bigger Bang (2005), Voodoo Lounge é, até então, o último
grande disco de estúdio dos Rolling
Stones, capaz de figurar ao lado dos álbuns clássicos de sua carreira como Sticky Fingers (1971) ou Exile On Main St. (1972), por exemplo.
Às vésperas de embarcaram numa monumental turnê mundial que viria a ser tornar
a mais lucrativa da história, eles conseguiram o que toda banda
projeta nessa situação, ter um álbum de sucesso tocando nas rádios. Pelo menos
nos idos de 1994, isso ainda era fundamental antes da banda cair na estrada. (Tive o prazer de conferir um show dessa
turnê. Exatamente o primeiro da banda no Brasil, realizado no Pacaembu em
janeiro de 1995, mas isso fica para outra postagem).
As quinze músicas que constam no CD foram extraídas
de uma lista de cerca de 70 canções que a dupla Jagger-Richards compôs para o trabalho. O resultado foi um álbum
duplo primoroso. Começando pela faixa de abertura “Love Is Strong” puxada pela bateria de Charlie Watts anunciando a banda com a marcante guitarra de Keith Richards, o slide de Ron Woods e a gaita maliciosa tocada
por Mick Jagger. A banda não foge de
sua temática principal: canções de amor... ou melhor canções de sexo com um
pouquinho de amor. Assim também é “You
Got Me Rocking”, o rock rascante e pulsante que surge em seguida. No baixo,
a novidade é o músico Darryl Jones,
contratado depois da saída de Bill Wyman,
membro original da banda. “Sparks Will
Fly” mantém o pique “pra cima” do disco em mais um rock acelerado. O
tradicional solo vocal de Keith Richards é também a primeira balada do disco, “The Worst”. Uma das melhores canções da
discografia da banda com Keith nos vocais. O colorido extra da música fica por
conta do pedal steel tocado por
Ronnie Woods e o violino de Frankie
Gavin. Jagger volta aos vocais também na balada “New Faces”, outro bom momento do disco, aonde o cravo tocado por
Chuck Leavell é que dá a tônica. “Moon
Is Up” afina um pouco a banda com a sonoridade da época, porém nada que
faça a banda perder suas características. “Out
Of Tears” retorna ao universo das baladas, dessa vez com o piano na
condução. “I Go Wild” mostra a
agressividade clássica da banda com pulsação forte e, não dá pra fugir do
trocadilho, selvagem. Uma guitarra melindrosa com wah-wah tocada por Keith apresenta “Brand New Car” e somada ao sax de David McMurray fornecem o charme e particularidade da faixa no
disco. Com um clima bem latino, “Sweethearts
Together” vem com o acordeom de Flaco
Jimenez e violão de nylon. O roquinho suingado “Suck In The Jugular” talvez seja a faixa menos inspirada do álbum,
mas é imediatamente compensada por “Blinded
By Rainbows”, outra grande balada, dessa vez com uma bela guitarra
com efeito de tremolo em primeiro
plano, mostrando a versatilidade e bom gosto de Keith Richards que não nos
deixa esquecer a importância de uma boa guitarra base e como fazer uma textura
eficiente com o instrumento. “Baby Break
It Down” é uma amostra do lado rythm’n’blues
dos Stones. Keith reaparece nos vocais em “Thru and Thru”, mais uma bonita balada na qual ele também
realiza outro interessante arranjo de guitarra numa linha mais blues. O fôlego final vem na faixa “Mean Disposition” na qual a banda acelera
o ritmo novamente lembrando que o Rock'n'Roll não pode parar. Produzido por Don
Was e os Glimmer Twins (codinome da dupla Jagger-Richards), “Voodoo Lounge” é um daqueles discos de
rock para se ouvir em volume alto, e o vizinho que tenha paciência, ou agradeça
por você ter bom gosto pelo menos!
O disco tem um instigante projeto gráfico com a
capa estampando um desenho do que seria o “Voodoo Lounge”. Nome dado por Keith
Richards a um gato de rua que ele adotou e que ficava no estúdio enquanto a
banda gravava. No encarte a banda aparece em fotos com suas imagens
avermelhadas e num fundo preto que nos leva a pensar num ambiente de pecado,
seja um rendez-vouz, ou seja o
próprio inferno que aparece de forma explícita num extrato da foto de Jac Remise intitulada “Satan’s Play Room” (sala de jogos de
Satã) presente em seu livro “Satan’s
Daily Life In The 19th” (Diário da vida de Satã no Século XIX), no qual
várias caveiras se divertem num ambiente de jogatina. A língua símbolo da banda
aparece em nova versão na contracapa, agora prateada e cheia de espinhos.
Entregando a idade: quando terminava de escrever a
resenha em questão, lembrei que durante muito tempo ouvi esse disco através de
uma fita K7 que gravei de um CD alugado. Os mais jovens talvez nunca tenham
ouvido falar em locadora de CDs, mas isso existiu por um breve período em
meados dos anos 1990.
Vou comentar no post do lendário show de 95...Eu te mato se vc esquecer dos companheiros da ocasião, e o pai bêbado cantando satisfaction!kkkk
ResponderExcluirComo poderia esquecer dos amigos e companheiros de tal saga,e ainda o pai que ajudou o Miti Jueger a compor Satisfaction? hauhauha
ResponderExcluirhttps://www.facebook.com/buttinaveia/
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