Publicado em 1997, Many Years From Now é a biografia
autorizada de Paul McCartney escrita
por seu amigo Barry Miles. A caprichada
edição brasileira manteve o título original (um verso extraído da canção "When I’m 64") em inglês mesmo
(curiosamente a editora, DBA também tem nome no idioma oficial do velho Macca, Dórea Books And Art).
Essa biografia tem um sabor quase
de uma autobiografia, uma vez que o autor sendo amigo de Paul realizou diversas
entrevistas com ele com um acesso que nenhum outro biógrafo teria, o que faz com que a obra tenha uma grande série de depoimentos até então inéditos do beatle. Embora apresente certa isenção, Barry Miles provavelmente não escreveu nada que o músico não
gostaria de ler. O que não desabona o livro, já que é sempre bom
conhecer a história do ponto de vista de quem realmente a viveu. E juntando
outros depoimentos e livros, podemos ter um recorte razoável, e digamos talvez
mais real de como de fato as coisas se deram. Alguns livros citados na enorme
bibliografia que consta no final do livro são boas recomendações para isso.
O livro foca mesmo na fase beatle da carreira de Paul, relegando os
Wings e a carreira solo a um breve
resumo que consta no posfácio. Uma das críticas que ouvi de alguns fãs dos Beatles foi o fato de ao comentar cada
uma das canções compostas com John
Lennon, Paul tenha quantizado qual foi a participação de cada um na música,
como “Drive My Car” que ele diz ser
70% sua ou “Girl” que ele atribui
mais a John, embora ressalte que também contribuiu bastante. Mas, ele
também se alivia ao mencionar que entre ele e John só duas músicas suscitaram
desacordo quanto ao papel de cada um em suas composições, “In My Life” e “Eleanor Rigby”.
Many Years From Now revela muito da intensa
vida social e artística de Paul nos anos 60 na “Londres Vanguardista” (esse
inclusive é o título de um dos capítulos) e como ele influenciou e foi
influenciado naqueles dias que revolucionaram tanto uma época que ainda hoje
não parece ter sido superada culturalmente. Uma frase de Paul logo no início do
livro resume bem essa ideia: “Sinto como se os anos 60 ainda estivessem para
acontecer. Eles me parecem um período mais no futuro do que no passado”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário