Anunciado sem nenhum alarde, fiquei sabendo através de uma
notinha de jornal que o jazzista norte-americano Mike Stern, um dos meus guitarristas prediletos tocaria numa praça pública
aqui em Belo Horizonte como convidado do Trio
Corrente. O tipo de show que não dá
nem para pensar em perder. Como tinha um tempo livre entre o fim do expediente
de trabalho e o show, fui mais cedo para o local para encontrar com um amigo. Chegando
lá vi de longe que tinham alguns músicos no palco passando o som assistidos por
uma meia dúzia de pessoas, entre elas, meu amigo Evandro Viana. No palco já
estava o próprio Mike Stern, tranquilão com aquele seu sorriso típico de
boas-vindas ao lado dos integrantes do Trio Corrente, Fábio Torres
(piano), Paulo Paulelli (baixo) e Edu Ribeiro (bateria). Algo não ia bem, havia um problema com as
caixas do PA que estavam sem som, em meio ao movimento dos técnicos que
apressavam em tentar ajeitar as coisas, os músicos arriscavam umas notinhas,
trechos de uma música ou outra, rolou uma versão “tímida” de “Wave” do Tom Jobim. As coisas pareciam que não
iriam se ajustar, apesar da aparente tranqüilidade dos músicos no palco. Mike
acabou tomando a frente na regulagem e foi o responsável pelo ótimo som que
rolou durante a apresentação, do palco ele pedia alguns toques para as pessoas
que estavam lá acompanhando a passagem, entre elas eu, perguntando como estava
o som da guitarra, se dava para ouvir o piano. De repente, eu estava ali
ajudando um dos músicos que mais admiro a passar o som. Quase duas horas de
“aula-extra” vendo (ouvindo) o cara regular o som da banda, timbrar sua
guitarra, tocando umas frases aleatórias à procura do som ideal que ficou exatamente
como se ouve nas suas gravações com aquele chorus
inconfundível.
Na hora do show a praça ficou lotada, Mike Stern desceu para
assistir da platéia a abertura feita só pelo trio que depois o chamou ao palco
para uma performance arrasadora (que pude conferir da primeira fila) numa mistura de jazz e chorinho muito explorada
pelo Trio Corrente com o fusion de “pegada”
rock feito pelo guitarrista. Não é todo dia que rola um programa assim quase ao
acaso, show no fim do dia numa praça em pleno meio de semana. Com meu inglês escalafobético
troquei umas palavras com Mr. Stern antes do show confirmando a minha visão dele como um cara gente finíssima, comentei que já tinha visto
um show seu aqui mesmo em BH em 1999 e consegui a proeza de esquecer como se
dizia “mesmo” em inglês. Cheguei em casa e pensei seriamente em copiar a
palavra cem vezes numa folha de papel: SAME, SAME, SAME, SAME, SAME...
Dá para ver pela imagem no alto que eu ainda não aprendi a fotografar (e a câmera do telemóvel não ajuda muito); na foto debaixo, clicados por Evandro Viana, eu e Mike Stern que todo simpático pediu para ver a imagem que considerou “a good picture!”.
Aos leitores deixo indicados dois discos brilhantes de Mike
Stern, Give And Take (1997) e Voices (2001).
Show assim é o melhor programa que se pode acompanhar. Mas a falta de divulgação é uma merda. Todos os anos no RJ na época do carnaval, rolam os blocos ao som de Beatles, Raul, muita coisa boa. Existe o Bloco do Sargento Pimenta, o Toca Raul... Em São Paulo quando rola alguma coisa legal, não é divulgado, ficamos sabendo nos últimos dias, não porque alguém falou, não porque algum meio de comunicação veiculou, simplesmente porque caímos em algum site específico. Rolou no SP Market num período que pegava os dias de carnaval tbm , uma Exposição sobre os Beatles, organizada pela Beatleweek, fiquei sabendo na última semana, acabei não podendo ir por compromissos com a minha banda e compromissos do dia a dia, profissionais e familiares. Ou seja, não é divulgado, não rola a exaustão no facebook, orkut e emails... é horrível isso.
ResponderExcluirSobre a regulagem de som, é interessante que (como o autor do blog e eu sabemos) existe o som de palco e o som que chega para a platéia. Geralmente por posicionamento de retorno, amplis ligados em linha ou microfonados, o som de palco quase sempre tá uma eca, mas o que se chega na platéia tá perfeito. Quando o som do palco tá perfeito, geralmente está deixando a desejar na platéia. O show biz e as suas particularidades...
Yeah! Alguns desses eventos costumam ter pouca divulgação para evitar um volume muito grande de público por questões de segurança mesmo. Aí tem que ficar atento e contar um pouco com a sorte como no caso desse show que por pouco eu perdia.
ResponderExcluirEm SP o Vale do Anhangabaú costumava a realizar shows legais, lá eu vi o Barão Vermelho, Titãs... geralmente depois de sair do trampo eu ia pra lá.
ResponderExcluirAqui vez ou outra rola algo assim, esse show mesmo do Mike Stern fez parte de um projeto regular de shows nessa praça. Ano passado também vi o Egberto Gismonti lá dentro do mesmo projeto, mas só vi porque não dava pra ouvir nada do lugar que eu tava, hehe...
ResponderExcluirEstive nesse show e pode comprovar ao vivo e depois na gravação a qualidade do som, gravei o show com uma câmera amadora e ao assistir o vídeo , fiquei impressionado com a qualidade do som, parece que até foi gravado com a câmera plugada na mesa de som, pois a pureza do som ficou excelente.
ResponderExcluirPode presenciar a passagem de som pelos técnicos e músicos e até vi o Robert Moura dando uns toques para o Mike da resposta do som para o público.Tenho o vídeo impar de Mike Stern, pois fui o único que filmou o show.