Eu costumo manter pequenos diários de trabalho e de viagem
eventualmente. No caso de alguns trabalhos específicos como produção de eventos
e gravações a idéia é ter um guia do que foi feito, o período gasto para a
realização da empreitada e ainda um relatório de erros e acertos. Já em relação
às viagens acho que isso se deu por influência dos livros “Diário de Viagem” de
Albert Camus e “Pequenas Alegrias” de Hermann Hesse. E a coisa funciona bem,
normalmente essas simples anotações me trazem muito mais lembranças do que
fotos ou souvenirs. Dessa vez para comentar sobre um show do Nei Lisboa em
janeiro de 2011 procurei umas dessas anotações feitas durante uma viagem a
Porto Alegre e ao invés de escrever uma resenha resolvi postar o que escrevi no
quarto de hotel ao chegar do show numa noite agradável (suportável) de
segunda-feira de verão (quente, quente, quente...aliás, saudades de “Forno”
Alegre).
“Show do Nei Lisboa, Teatro
Renascença lotado. Jogar em casa normalmente é garantia de casa cheia.
Infelizmente no show dele em BH no ano passado pelo que eu acredito ter sido
resultado de uma má divulgação, a platéia era formada por cerca de apenas 30 pessoas
naquele que foi seu primeiro show na capital mineira, parte dessa mesma turnê intitulada
“Vapor da Estação” celebrando seus 30 anos de carreira. Durante o show, Nei que
estava fazendo aniversário recebeu um bolo trazido por sua filhinha Maria
Clara. Ótimo show, a banda é realmente muito boa. Fiquei na primeira fila bem na posição
central. Assim como em BH tive a oportunidade de levar um dedo de prosa
novamente com ele no final do espetáculo. Durante a conversa me apresentei como um dos dois loucos (o outro era meu amigo Rodrigo “Cassandra”) que ficaram cantando alto e
“interagindo” com ele durante todo o show dele na cidade. Nei se
lembrou que eu havia comentado com ele sobre sua música intitulada “Me Chama de
Robert”, expliquei que me identifiquei com a música antes mesmo de saber qual
era o título que por coincidência levava meu nome e perguntei a origem do
“Robert” como gíria, ele explicou que o tal Robert da canção se tratava de um
americano que morou em Porto Alegre e depois de tomar um porre saiu bêbado cismando
que era “o tal” e falando as bobagens da letra. A brincadeira durou cerca de um
mês e depois ficou esquecida quando o gringo foi embora. Disse ao Nei que era
uma gíria nacional. Descobri isso num show meu quando um integrante de uma
banda amiga subiu ao palco para uma participação e uns amigos dele ficaram zoando
chamando-o de “Robert”, sem entender nada, fui saber depois que se tratava de
uma gíria para pessoas que gostam de “aparecer”. Já tinha ouvido a gíria também
no programa Pânico na TV. Nei achou engraçado e curioso que usassem isso e
disse que nasceu dessa turma dele, no entanto até hoje não sei se a origem é a
mesma. “Convidei-o” para retornar à BH. O show fez parte de uma temporada que
ele costuma fazer em Porto Alegre durante o mês de janeiro tocando no Teatro
Renascença”.
Só na hora de preparar o post é que me dei conta que falei
mais sobre a música do que o show em si. Mas a intenção era registrar o feeling do momento. Segue a letra com a
qual me identifico pela brincadeira e não pela pretensão que ela sugere
em tom irônico (é bom deixar isso claro), assim como o texto em terceira pessoa à
la Edson Arantes do Nascimento falando do Pelé que consta no meu perfil:
Me chama de Robert (Nei Lisboa)
Quando bebo, bebo até cair
Quando fumo, viro chaminé
Quando faço amor eu quero mais
Quando jogo bola, sou Pelé
Sou fomão
Eu quero, quero, quero, quero
Quero tudo prá mim
Quero mel
É meu, é mel, é meu, é mel
É meu mel
Eu confesso, eu quero é sucesso
Eu me entorto, depois passo mal
Eu me atrolho, depois pago o preço
Eu mereço
Eu sei que sou
Que eu sei que sou
Que eu sei que sou
A mãe do Brasil
Quando faço amor eu quero mais
Quando jogo bola, sou Pelé
Sou fomão
Eu quero, quero, quero, quero
Quero tudo prá mim
Quero mel
É meu, é mel, é meu, é mel
É meu mel
Eu confesso, eu quero é sucesso
Eu me entorto, depois passo mal
Eu me atrolho, depois pago o preço
Eu mereço
Eu sei que sou
Que eu sei que sou
Que eu sei que sou
A mãe do Brasil
Na dedicatória na capa do CD, o Nei escreveu: “Super abraço, Pelé!”. Achei bacana isso, só espero que ele não tenha pensando que eu levo essa estória da música (tão) a sério.
Nas fotos: Nei Lisboa em ação no palco e ao lado comigo e minha amiga e guia (cultural) em Porto Alegre, Jessica.
Eu bem sei o que é isso, ficar na primeira fila e interagir com o artista. Confesso que pensei umas duzentas vezes de como iria comentar esse post. Eu mesmo não conheço nada do Nei e hoje ando numa fase de ter medo de conhecer, adorar e sair na caça de todos os trabalhos.
ResponderExcluirPô bicho, muita coisa acumulada aí, né? Mas eu recomendo (e muito) e acho que a tendência é essa mesmo: "conhecer, adorar e sair na caça de todos os trabalhos".
ResponderExcluirmuita coisa acumulada? põe coisa acumulada nisso. Aliás, eu estou começando a ficar com medo quando assisto ao Programa Acumuladores no National Geographic.
ResponderExcluirRealmente ficar com coisa acumulada não é nada bom. Mas, mudando de assunto, devo ressaltar aqui a belíssima foto que adorna esse post. Nota-se Robert Moura em seu indefectível estilo da night, um bom gosto que é para poucos. Muito bem Sr. Robert, as lições da Glorinha Kalil valeram a pena.
ResponderExcluirGlorinha Kalil? Pare de beber, Rafael!
ResponderExcluir