Eu poderia associar minha história com a carreira de Eric Clapton a um ciclo que se completa
a cada década. Comecei a ouvir o guitarrista e ele se tornou meu predileto em
1990 quando ele veio tocar pela primeira e única vez em BH, show ocorrido no
Mineirinho num longínquo 11 de outubro. Não fui ao show, acho que minha idade
nem permitiria, mas devido a um programa especial que rolou no rádio e que
gravei em uma fita K7 descobri que “Cocaine”
e “Wonderful Tonight” que eu já
curtia eram dele. Junto a essas duas canções tocou no
programa uma coleção de clássicos do seu repertório como “Layla” e sua versão de “Knockin'on
Heaven's Doors” de Bob Dylan. Na
década seguinte, mais exatamente no dia 13 de outubro 2001, estava na praça da
apoteose no Rio de Janeiro para conferir a perfomance mais impressionante que
jamais tinha visto até então. Show perfeito! Timbres impecáveis, sobretudo na parte
acústica, durante o show torcia para que cada uma das músicas não acabasse. Aquela seria
supostamente a última turnê mundial do Clapton, me parece que sua intenção após
a empreitada se reduziria a shows esporádicos somente na Inglaterra e nos EUA.
Se a intenção era essa deixou de ser, pois exatos dez anos depois, em 2011 fui
surpreendido com o anúncio de novos shows do guitarrista no Brasil com uma
formação um pouco diferente daquela, mais notoriamente pela ausência de Nathan East, o “Senhor Simpatia”, um
cara que parece tocar com uma satisfação única. Só consigo associá-lo no palco
ao guitarrista Mike Stern pelo
sorriso aberto que mantêm do início ao fim do show.
Dessa vez o local escolhido para a apresentação carioca foi o HSBC Arena
que apesar de ser um ginásio resultou num som muito bom com o trabalho da
equipe de Clapton. Assistindo a um show dele pela segunda vez me veio a
impressão que nenhum outro músico se preocupa mais com o som do que ele. Mesmo
num ginásio se ouvia com clareza todos os instrumentos muito bem timbrados.
Clapton foi o de sempre, entrou tocou e foi embora, não deu boa noite, não
agradeceu, não se despediu, ele mesmo já disse ter apreciado muito isso depois
de ter assistido a uma apresentação de João
Gilberto. Recapitulando: Clapton foi o de sempre, entrou, tocou e foi
embora. Precisava mais? Clapton foi o de sempre: genial. Banda impecável, Steve Gaad na bateria, Willie
Weeks no baixo, solos desconcertantes tocados por Chris Stanton nos teclados e Tim
Carmon no órgão e o auxílio luxuoso nos vocais das cantoras Michelle John e Sharon White que cantam muito, mas muito mesmo (embora eu ainda
espere ver um show com Tessa Niles
nos backings; a Kattie Kisson, outra
antiga backing-vocal de Clapton eu pude conferir no palco com o Roger Waters). Um show muito mais para o
blues do que para o rock e o pop, Clapton tocou como se estivesse num pequeno
bar perdido em alguma estrada da vida. Fez o que um músico dessa estirpe deve
fazer, tocou como se tocasse para ele mesmo, a melhor maneira de demonstrar
respeito e agradar ao público. Aguardo para ver como Clapton aparecerá no meu
caminho na próxima década.
Obs.: Infelizmente não cheguei a tempo de pegar o show de abertura com
Gary Clark Jr.
Setlist:
1-Going
Down Slow
2- Key To The Highway
3- Hoochie Coochie Man
4- Old Love
5- I Shot The Sheriff
6- Driftin’ Blues
7- Nobody Knows You When You’re Down And Out
8- Lay Down Sally
9- When Somebody Thinks You’re Wonderful
10- Layla
11- Badge
12- Wonderful Tonight
13- Before You Accuse Me
14- Little Queen Of Spades
15- Cocaine
2- Key To The Highway
3- Hoochie Coochie Man
4- Old Love
5- I Shot The Sheriff
6- Driftin’ Blues
7- Nobody Knows You When You’re Down And Out
8- Lay Down Sally
9- When Somebody Thinks You’re Wonderful
10- Layla
11- Badge
12- Wonderful Tonight
13- Before You Accuse Me
14- Little Queen Of Spades
15- Cocaine
Encore
16- Crossroads
16- Crossroads
Fotos: Eric Clapton (internet: Felipe Panfili e Roberto Filho); e o autor que vos escreve na porta do show (não fosse pela famosa câmera tosca do meu telemóvel teria sido um grande clique do amigo Francisco).
Ainda: Confira as fotos do Balança Zap em sua primeira edição no blog do evento:http://balancazap.blogspot.com.br/2012/03/balanca-zap-fotos.html . Mês que vem tem mais!!! Agradecimentos a toda a rapaziada que compareceu, ao pessoal que ajudou na produção e à banda Vagabundo Não É Fácil.
Esse era um show que eu gostaria de ver ou ter visto, não necessariamente da mesma turnê, mas quanto a qualidade de som. Pois pelo que você já me disse, a sonoridade dele em palco é algo muito cuidadoso. Tenho a certeza que ele conseguiria fazer um show no Ginásio do Ibirapuera com um som redondo. O vídeo dele 24 nights é uma maravilha. Grande Clapton. Aliás, ele aparece bastante no documentário do Scorcese sobre o George Harrison. Parabéns pela postagem mano.
ResponderExcluirValeu, mano!
ResponderExcluir24 Nights é uma das primeiras referências visuais, vamos dizer assim, que eu tenho do Clapton. Quando estava começando a curtir o som dele, rolou uns vídeos desse show num programa de tv que eu gravei em VHS assim como a fitinha do especial da rádio (coisa de velho mesmo, hehe), muitos e muitos anos depois comprei o DVD. Clapton e Harrison eram realmente muito ligados (ainda não vi o documentário).
aliás, o 24 nights vc gravou pra mim, sempre assisto, mas eu ainda o tenho no VHS tbm...
ResponderExcluirNem lembrava que gravei pra ti, hehe...
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