quinta-feira, março 22, 2012

Só Pra Lembrar: Eric Clapton - HSBC Arena, Rio de Janeiro 09/10/2011



Eu poderia associar minha história com a carreira de Eric Clapton a um ciclo que se completa a cada década. Comecei a ouvir o guitarrista e ele se tornou meu predileto em 1990 quando ele veio tocar pela primeira e única vez em BH, show ocorrido no Mineirinho num longínquo 11 de outubro. Não fui ao show, acho que minha idade nem permitiria, mas devido a um programa especial que rolou no rádio e que gravei em uma fita K7 descobri que “Cocaine” e “Wonderful Tonight” que eu já curtia eram dele. Junto a essas duas canções tocou no programa uma coleção de clássicos do seu repertório como “Layla” e sua versão de “Knockin'on Heaven's Doors” de Bob Dylan. Na década seguinte, mais exatamente no dia 13 de outubro 2001, estava na praça da apoteose no Rio de Janeiro para conferir a perfomance mais impressionante que jamais tinha visto até então. Show perfeito! Timbres impecáveis, sobretudo na parte acústica, durante o show torcia para que cada uma das músicas não acabasse. Aquela seria supostamente a última turnê mundial do Clapton, me parece que sua intenção após a empreitada se reduziria a shows esporádicos somente na Inglaterra e nos EUA. Se a intenção era essa deixou de ser, pois exatos dez anos depois, em 2011 fui surpreendido com o anúncio de novos shows do guitarrista no Brasil com uma formação um pouco diferente daquela, mais notoriamente pela ausência de Nathan East, o “Senhor Simpatia”, um cara que parece tocar com uma satisfação única. Só consigo associá-lo no palco ao guitarrista Mike Stern pelo sorriso aberto que mantêm do início ao fim do show.

Dessa vez o local escolhido para a apresentação carioca foi o HSBC Arena que apesar de ser um ginásio resultou num som muito bom com o trabalho da equipe de Clapton. Assistindo a um show dele pela segunda vez me veio a impressão que nenhum outro músico se preocupa mais com o som do que ele. Mesmo num ginásio se ouvia com clareza todos os instrumentos muito bem timbrados. Clapton foi o de sempre, entrou tocou e foi embora, não deu boa noite, não agradeceu, não se despediu, ele mesmo já disse ter apreciado muito isso depois de ter assistido a uma apresentação de João Gilberto. Recapitulando: Clapton foi o de sempre, entrou, tocou e foi embora. Precisava mais? Clapton foi o de sempre: genial. Banda impecável, Steve Gaad na bateria, Willie Weeks no baixo, solos desconcertantes tocados por Chris Stanton nos teclados e Tim Carmon no órgão e o auxílio luxuoso nos vocais das cantoras Michelle John e Sharon White que cantam muito, mas muito mesmo (embora eu ainda espere ver um show com Tessa Niles nos backings; a Kattie Kisson, outra antiga backing-vocal de Clapton eu pude conferir no palco com o Roger Waters). Um show muito mais para o blues do que para o rock e o pop, Clapton tocou como se estivesse num pequeno bar perdido em alguma estrada da vida. Fez o que um músico dessa estirpe deve fazer, tocou como se tocasse para ele mesmo, a melhor maneira de demonstrar respeito e agradar ao público. Aguardo para ver como Clapton aparecerá no meu caminho na próxima década.


Obs.: Infelizmente não cheguei a tempo de pegar o show de abertura com Gary Clark Jr.

Setlist:

1-Going Down Slow
2- Key To The Highway
3- Hoochie Coochie Man
4- Old Love
5- I Shot The Sheriff
6- Driftin’ Blues
7- Nobody Knows You When You’re Down And Out
8- Lay Down Sally
9- When Somebody Thinks You’re Wonderful
10- Layla
11- Badge
12- Wonderful Tonight
13- Before You Accuse Me
14- Little Queen Of Spades
15- Cocaine
Encore
16- Crossroads



Fotos: Eric Clapton (internet: Felipe Panfili e Roberto Filho); e o autor que vos escreve na porta do show (não fosse pela famosa câmera tosca do meu telemóvel teria sido um grande clique do amigo Francisco).


Ainda: Confira as fotos do Balança Zap em sua primeira edição no blog do evento:http://balancazap.blogspot.com.br/2012/03/balanca-zap-fotos.html . Mês que vem tem mais!!! Agradecimentos a toda a rapaziada que compareceu, ao pessoal que ajudou na produção e à banda Vagabundo Não É Fácil. 

4 comentários:

  1. Esse era um show que eu gostaria de ver ou ter visto, não necessariamente da mesma turnê, mas quanto a qualidade de som. Pois pelo que você já me disse, a sonoridade dele em palco é algo muito cuidadoso. Tenho a certeza que ele conseguiria fazer um show no Ginásio do Ibirapuera com um som redondo. O vídeo dele 24 nights é uma maravilha. Grande Clapton. Aliás, ele aparece bastante no documentário do Scorcese sobre o George Harrison. Parabéns pela postagem mano.

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  2. Valeu, mano!

    24 Nights é uma das primeiras referências visuais, vamos dizer assim, que eu tenho do Clapton. Quando estava começando a curtir o som dele, rolou uns vídeos desse show num programa de tv que eu gravei em VHS assim como a fitinha do especial da rádio (coisa de velho mesmo, hehe), muitos e muitos anos depois comprei o DVD. Clapton e Harrison eram realmente muito ligados (ainda não vi o documentário).

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  3. aliás, o 24 nights vc gravou pra mim, sempre assisto, mas eu ainda o tenho no VHS tbm...

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  4. Nem lembrava que gravei pra ti, hehe...

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