O show de Bob Dylan poderia ter sido uma experiência
bem mais agradável, mas vários fatores não ajudaram muito. Em primeiro lugar é
fundamental que se criem mais locais para shows na cidade, a falta de
concorrência parece fazer com que a esculhambação role solta, impressionante se
pagar o alto preço dos ingressos que andam sendo cobrados no país com suas inexplicáveis taxas de conveniências (que só são convenientes para a empresa que vende os ingressos) para não ouvir um som com qualidade ideal e ainda ter
que aguentar seguranças mal-educados e truculentos como os que vi atuando no
Chevrolet Hall, não consigo entender a dificuldade de se dizer com educação que
não se pode parar no degrau de uma escada, vi uma segurança sendo extremamente
grosseira com um senhor por conta disso, um outro segurança não permitiu que
uma moça passando mal ficasse sentada num corredor vazio, local esse, aliás, que
devia ser o único lugar com espaço no ginásio que parecia super lotado.
Estive no show do Ringo Starr no mesmo local e disseram que a lotação foi esgotada, 7
mil pessoas, porém no show do Dylan que também teve seus ingressos esgotados a
casa parecia bem mais cheia. Será que venderam ingressos além da conta?
Quando Dylan abriu o show em clima “sessentista” com a
música Leonard-Skin Pill-Box Hat do
disco Blonde On Blonde (1966) eu
ainda estava entrando, vim pelo corredor ouvindo os primeiros acordes e gastei
um tempinho ainda para conseguir achar um lugar para me acomodar no ginásio
enquanto ele tocava It´s All Over Now,
Baby Blue do mesmo disco, depois ele tocou Things Have Changed, música que eu não conhecia e que fez parte da trilha
sonora de um filme que eu nunca vi chamado Wonder
Boys (Garotos Incríveis no Brasil) lançado em 2000, Tangled Up In Blue do disco Blood
In The Tracks de 1975 veio na sequência e depois três canções dos anos 2000
que me fizeram cair a ficha de que estou desatualizado no repertório do Dylan
em pelo menos dez anos, foram elas: Beyond
Here Lies Nothin´ do álbum Together
Throug Live de 2009, Spirit On The
Water do Modern Times de 2006 e High Water, homenagem à lenda do blues Charley Patton presente no disco Love & Theft de 2011, desse disco
ele tocou ainda a música Honest With Me
e na sequência Simple Twist Of Fate, outra
canção do disco Blood In The Tracks.
Também dos anos 2000 e presente no Modern
Times ele fez Thunder On The Mountain
mais para o fim do show. De volta aos anos 60 ele tocou Desolation Row do Highway 61
Revisited (1965), o disco mais prestigiado do show com quatro canções
apresentadas, as outras foram: Ballad Of
A Thin Man, Like A Rolling Stone
(o momento de maior empolgação por parte de platéia que cantou em alto volume o
refrão junto com Dylan) e a faixa título. A música que valeu o show para mim
foi Man In The Long Black Coat do álbum
No Mercy (1989) pelo qual sou
completamente fascinado, mas que não esperava nenhuma de suas faixas inclusas
no setlist. All Along The Watchtower do
disco John Wesley Harding (1967) que
teve a célebre regravação de Jimi
Hendrix que de tão marcante fez com o próprio Dylan passasse a tocá-la mais
na levada da releitura do guitarrista encerrou o show que teve ainda o bis com
a música Rainy Day Women #12 &35
do Blonde On Blonde. A excelente
banda que acompanhou Dylan que se alternou na guitarra, gaita e nos teclados é formada
pelo velho de guerra Tony Garnier no baixo, os guitarristas Stu Kimball e
Charlie Sexton, George Receli na bateria e Doni Heron nos teclados.
Quanto ao som que também já andei comentando aqui em
outras postagens, andou bem irregular, bom no começo do show ele se tornou
demasiado grave durante o decorrer da apresentação, as palavras cantadas por
Dylan se tornavam totalmente ininteligíveis às vezes e não era só por conta de
voz ou da dicção do artista. Boa parte do público provavelmente não se
incomodou com isso, pois parecem ter ido lá mais por curiosidade e badalação,
muita gente dispersa, umas pessoas à minha frente bateram papo o show inteiro
discutindo relacionamentos, festas de aniversário e outras coisas super
relevantes para se debater ao som de Dylan ao vivo, não mudei de lugar por
falta de opção, mal dava para andar e acho que o resto do ginásio não estaria
muito diferente. Agora ridículo mesmo eram os gritinhos frenéticos da platéia
toda vez que Dylan tocava gaita, pareciam macacas de auditório se manifestando quando
sobe a plaquinha por trás da câmera nos programas de TV dizendo:
"gritem", "aplaudam" porque não bastasse a falta de técnica
do músico, o som da gaita ainda estava estridente pacas. Vi o show da primeira
sacada da arquibancada, mais exatamente entre a arquibancada, a escada e um corredor, ponto estranho, mas foi por ali que muita gente teve que se
arranjar para tentar curtir e aproveitar um pouco os reais investidos.
A sensação que fiquei é que o local ideal para um show
como esse seria um teatro ou uma casa noturna aconchegante com mesas, já que as
variações e modificações nos arranjos feitas por Dylan e banda pedem um pouco
mais de concentração para perceber suas sutilezas. De qualquer forma valeu ver
o cara em ação, embora ele fique mais estático no palco, também vi um Dylan que
nunca havia visto nos vídeos, fazendo pose e uns leves trejeitos de showman
tímido. E já que a Never Ending Tour
nunca vai acabar espero poder revê-lo ao vivo em outro local e circunstância
melhores.
Ah, apesar do meu aparente mau-humor na maior parte do texto eu gosto (muito)
do Dylan e também gostei do show, que fique bem claro isso. Uma estória que costumo contar (e que levo
menos de 5 segundos para desmentir) é que me chamo Robert por causa dele.
Foto: acreditem se quiser essa foi a melhor que eu
consegui tirar, como o marrento Bob Dylan proibiu a imprensa (incluindo fotógrafos) nem na net consegui achar uma bacana.
P.S. Falando em fotos aí estão as fotos da segunda
edição do Balança Zap, ficam aqui os agradecimentos à Banda Mestiço e à rapéize
da produção: http://balancazap.blogspot.com.br/2012/04/balanca-zap-mestico.html
Taí outro gênio. O grande Dylan. Não vi ao vivo ainda. Mas ele vez ou outra está sempre por aqui. O osso mesmo é as acomodações para ver nossos ídolos. Além das acomodações, acústica e tals. Na verdade eu assisti umas três vezes a shows com lugares com mesa e confesso que não curti muito. Também não gosto muito de pista, porque é o de sempre: empurra empurra, pisão no pé, falatório, gente do seu lado que não conhece a música. Da arquibancada foi o melhor lugar que eu assisti a shows. Exceto uma vez num Hollywood Rock da vida, em que dava pra descer da arquibancada para o gramado. Mas eu acho assim. Show com acomodações legais, sem empurra empurra, acústica boa, podendo até repetir música... to começando a crer que é só vendo dvd... hahaha. foi podre, mas to começando a acreditar nisso.
ResponderExcluirAh, como diria Tim Maia: "Tudo é tudo e nada é nada", hehe...DVD nunca vai substituir a energia e o espírito de um show ao vivo. Um show tipo o do Paul eu prefiro ver em pé mesmo e na pista, seja a normal ou a premium, um show como o do Dylan e do Roberto é melhor ver sentado e num teatro de preferência, mas...sobram mesmo são os ginásios com suas "acústicas maravilhosas" para esses eventos.Lama!
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