terça-feira, maio 15, 2012

Cazuza - Só as mães são felizes



 
Li Cazuza - Só As Mães São Felizes (Ed. Globo) de Lucinha Araújo na época do seu lançamento em 1997 emprestado do meu amigo Eduardo Dornelas, o maior fã do Cazuza que eu conheço, acabei comprando e relendo-o ano retrasado. Apesar de considerado por sua mãe, Lucinha Araújo, como um relato de sua própria vida e de tudo que passou com o filho, especialmente o drama da AIDS ao qual Cazuza acabou sucumbindo, ele vale sim como uma biografia de Cazuza. Os depoimentos de Lucinha foram dados a jornalista e escritora, Regina Echeverria (autora de Furacão Elis, na minha lista de espera para ser lido e; Gonzagão e Gonzaguinha, uma história brasileira, que li já faz alguns anos e também gostei) que conseguiu dar uma boa forma ao livro e fazê-lo funcionar como um documento histórico. Lucinha Araújo assina o prefácio do livro e acaba sendo o centro dos primeiros três capítulos. Farto em fotos, mas sem descuidar do texto que embora espaçado e com letras grandes tem bom conteúdo.

Ainda que seja uma visão pessoal e passional não há o que se possa questionar no tocante à qualidade do trabalho de Cazuza, inclusive Lucinha Araújo é bastante honesta até quando fala das porra-louquices do filho. O livro dá uma boa repassada na carreira de Cazuza, desde o início com o Barão Vermelho que gerou três discos e uma série de grandes canções com o amigo e parceiro Roberto Frejat que inclusive se repetiu em vários momentos da carreira solo até seu último álbum Burguesia. Os capítulos finais tratam, como não podia ser diferente, do drama com a AIDS numa época em que a doença ainda era pouco conhecida e muito mais vítima de preconceito do que ainda é hoje.

Na última parte ele traz algumas dezenas de páginas com frases e pensamentos de Cazuza extraídos de entrevistas dele ao longo da carreira não tão longa assim, mas suficientemente intensa do autor da frase: “prefiro viver dez anos a mil do que mil anos a dez”.

Ah, para os que não sabem, o título desse blog é inspirado na letra da música Rock'n Geral de Cazuza composta em parceria com Frejat  e lançada por eles no primeiro disco do Barão Vermelho. 


4 comentários:

  1. Taí uma característica que sempre me chamou atenção. Quando um artista morre, um monte de gente escreve sobre o artista. Jornalistas, músicos, pesquisadores, fãs, amigos próximos... agora a mãe... acho que é a primeira vez que vejo algo desse tipo. Claro, o livro tem o seu peso por falar de um dos maiores e melhores poeta, Cazuza era um gênio. O filme sobre a vida dele deixou algumas pessoas revoltadas que chegaram até a falar mal dele coisas do tipo: Ah, era um idiota, tinha tudo e jogou fora. Isso não é um filme-exemplo, não gostaria que meus filhos assistissem a isso... e coisas assim. Discordo dessas pessoas. Cazuza era gênio, e todo gênio tem lá suas excentrecidades. Todo gênio é incompreendido.
    É realmente o que faz a diferença em nossa sociedade atual. Segundo eu já sabia através da história e confirmei no filme, o que mais me chamou a atenção foi saber que o pai dele era do alto escalão da gravadora e a fita demo foi indicada e não pelos meios convencionais do tipo: Paiê, grava a gente...

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  2. Olha bicho, eu ia citar o filme no post, mas acabei deixando para lá porque embora baseado nesse livro, eu acho aquele filme ridículo (pelo filme em si, não pelos atos do Cazuza), parece que quiseram fazer uma versão brasileira do filme The Doors (outro filme que eu detesto, acho que uma vida não cabe em um filme,nem em um livro, mas esse filme sobre o Cazuza ficou devendo muito). Não é por acaso que pessoas como o Frejat e o Lobão (que por sua vez não é citado no livro, sendo que ele considerava Cazuza e Júlio Barroso seu melhores amigos, é estranha sua ausência no livro, mas acho que deve ter sido por problemas pessoais com a Lucinha, se o livro fosse assumidamente uma biografia, isso seria digno de crítica) não gostaram do filme, acho que ele passa uma coisa muito superficial. Frejat, mais político não chegou a descer a lenha no filme como o Lobão(que disse entre outras que o filme era uma versão do Cazuza para a geração que assiste Malhação), mas deixou claro que não gostou, citando, por exemplo, o fato de ter frases "dele" no filme que ele jamais disse ou diria. Gosto do livro, mas obviamente é bom juntar outras fontes a ele, embora veja os depoimentos da Lucinha Araújo com muita sinceridade, o livro do Lobão, por exemplo, complementa muito da relação dele com o Cazuza e um pouco do seu comportamento.

    Grande abraço e mais uma vez valeu feedback nos posts!

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  3. Belo Post meu amigo, esta obra entrou para a lista!
    Sobre o filme, vale lembrar a ausência do Ney Matogrosso, demonstrando mais uma vez, a pobreza do filme...

    Forte abraço!

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  4. Valeu pelo comentário, Gabriel. Realmente inexplicável a ausência do Ney Matogrosso no filme.

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