sábado, maio 11, 2013

Paul McCartney: Out There - Mineirão – Belo Horizonte/MG, 04/05/2013


Então nos encontramos novamente...

Depois de rodar algumas cidades do Brasil para assistir aos seus shows, pela sexta vez no período de quatro anos, tive o prazer de ver Paul McCartney ao vivo, dessa vez na minha cidade natal. E pela sexta vez consecutiva me surpreendo com sua performance. Talvez por ter sido na minha cidade, a aventura parece ter sido bem menor, ao mesmo tempo em que a distância para chegar pareça ter sido inexplicavelmente maior. Divagações à parte, o ponto alto do show foi a renovada no repertório da nova turnê intitulada “Out There”. Ele já abriu a noite com a completamente inesperada “Eight Days A Week”, canção dos Beatles que ele nunca havia executado ao vivo e que tinha John Lennon nos vocais principais, ele sempre priorizou nos shows as canções nas quais ele fazia a primeira voz, com raras exceções como o medley “Strawberry Fields Forever/Help/Give Peace A Chance” que tocou algumas vezes nos anos 1990 em ocasiões de homenagem ao parceiro, só nas últimas turnês a partir de 2004 ele se permitiu cantar algumas dessas canções como “I’ll Get You”, “Please Please Me” e mais recentemente “A Day In The Life” que tinham John como vocalista principal. Ele pulou dos Beatles para os Wings logo na canção seguinte, com a super rockeira “Junior´s Farm”“All My Loving”, a primeira a ser apresentada dentre canções sempre esperadas nos shows foi cantada a plenos pulmões pela multidão de mais de 55 mil pessoas que lotou o estádio (desde o jogo entre Cruzeiro e Argentinos Juniors na despedida do jogador Sorín em 2009 eu não via o Mineirão tão bonito). Daí para frente veio uma série de surpresas, “Listen To The Man Said” com Paul tocando contrabaixo ao invés do piano como fazia na turnê Rockshow dos anos 70, última vez que a música freqüentou o setlist de um show seu, foi outra que deixou o público cativo do músico embasbacado. “Let Me Roll It” também se manteve no setlist, e desde que comecei a ir a shows do Paul se mostra realmente muito forte e revigorante ao vivo, mais do quando a ouço em disco agora. “Paperback Writer” veio logo na sequência. A primeira visita ao piano foi para tocar “My Valentine” presente no disco Kisses On The Bottom lançado no passado e dedicada à atual esposa Nancy Shevell. Ele emendou com “Nineteen Hundred and Eighty-Five”, também da fase Wings e a antológica “The Long And Winding Road”, umas das mais belas (entre tantas) baladas compostas por ele, assim como a destruidora “Maybe I’m Amazed”, dedicada à ex-esposa Linda McCartney que veio logo a seguir com uma execução que deixa evidente a capacidade técnica da excelente banda que vem o acompanhando há dez anos. 

O tradicional set acústico dessa vez iniciou-se com “Hope Of Deliverance” com todos os músicos da banda tocando violão, exceção para o baterista Abe Laboriel que ficou no baixo, durante a música foi perceptível algumas falhas no sistema de som no PA, o áudio ficou um pouco embolado e baixo, nada que estragasse a empolgação da platéia. “We Can Work It Out” teve novamente versão com toda a banda tocando junto, ao contrário das últimas vezes em que Paul a executou sozinho ao violão. “Another Day” foi outra que voltou ao repertório depois de muitos anos e mais uma vez arrebatou a platéia e teve Paul tocando um violão de 12 cordas, instrumento que ele também não empunhava ao vivo há tempos. “And I Love Her”, canção que nunca falta em seus shows no Brasil, teve uma reação tão forte do público que eu acredito que ela continuará a incluindo sempre em seus shows aqui. Em “Blackbird”, uma plataforma montada a frente do palco deixou Paul isolado num nível bem mais alto em relação à altura normal do palco, lá de cima executou também “Here Today”, canção composta para o amigo John que sempre o emociona e vez por outra arranca lágrimas do cara e assim foi na apresentação de BH. “Your Mother Should Know” , outra das surpresas do show foi recebida com reverência pelos espectadores e desaguou em “Lady Madonna” “All Together Now”, também apresentada ao vivo pela primeira vez e, não fosse uma lista que circulou pela internet e que muitos chegaram a pensar ser falsa, o impacto das novas canções incluídas no show seria ainda maior. “Mrs. Vanderbilt” deu sequência ainda na mesma pegada balada-de-violão-para-ser-dançada-e-cantada-em-coro-(de-preferência-por-pessoas-bêbadas). Já a balada mais épica e contida “Eleanor Rigby” serviu para dar uma recuperada no fôlego. 

Tanto com Beatles, Wings ou na carreira solo mais propriamente dita, o cara tem tantos hits para executar em um show que fica até difícil ele tentar sair disso para uma canção mais lado B, e aí a gente é obrigado a ter que considerar uma música como “Being For The Benefit Of Mr. Kite!” como uma dessas, outra vez Paul quebrou a tradição (na verdade ele já a mandou pro espaço faz tempo) e cantou uma música “mais” de John Lennon que ainda o tinha na voz principal, anunciada por Paul como uma estréia mundial em Belo Horizonte, fato que ele chamou atenção por ela nunca ter sido executada ao vivo por ele, entretanto esse também foi o caso de “Eight Days A Week” , “Your Mother Should Know” e “All Together Know” e “Lovely Rita”. “Something” mais uma vez serviu para homenagear George Harrison e continua sendo um dos melhores momentos do show (aliás, ele já deveria ter incluído uma homenagem ao Ringo nos shows faz tempo). Ele também manteve dos últimos shows a música “Ob-La-Di, Ob-La-Da” que sempre coloca o público para dançar e dá uma revigorada durante as apresentações de aproximadamente três horas feitas por Paul. Em “Band On The Run” houve novamente uma falha no sistema de som, porém dessa vez o PA emudeceu totalmente em dois trechos da canção, no entanto os músicos continuaram tocando normalmente no palco porque o problema não afetou o sistema de retorno, provavelmente Paul deve ter percebido algo errado em função das expressões do público, mas levou a música até o fim e depois o som seguiu perfeito até o final do show. A inclusão de “Hi, Hi, Hi” no show também foi outra grata surpresa já que ele também não a executava ao vivo desde os anos 70, essa banda rende muito nas músicas da fase Wings, uma deixa para os guitarristas Brian Ray e Rusty Anderson sentarem a mão nas guitarras e apresentarem ótimos solos. “Back In The USSR” também foi mantida no setlist e continua sendo responsável por um dos momentos de maior empolgação do show.

De volta ao piano para tocar “Let It Be” com o show de luzes feito pela platéia usando aparelhos celulares e que levou o beatle (decide que não vou chamá-lo mais de ex-beatle depois que o próprio declarou que sempre será um beatle!) novamente às lágrimas. A apoteótica “Live And Let Die” acompanhada dos efeitos de luz, fogos e explosões no palco cria sempre um grande momento de catarse que mais uma vez se repetiu. Ainda ao piano, mas agora usando o “Magic Piano” tocou “Hey Jude”, para ser ele dessa vez surpreendido pela platéia que levantou cartazes escritos “Thank You” e assim se encerrou o show com o público entoando ainda o refrão “na na na nanana nanana, Hey Jude” por alguns minutos até que ele retornasse para o sempre esperado bis, que teve “Day Tripper”, a “nova” “Lovely Rita” canção do álbum Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band que também teve sua estréia em shows em BH e foi sucedida por “Get Back”. Sentindo falta de “Yesterday”? Sim, eu já disse antes aqui em outra postagem que ele nunca termina sem essa, e ele voltou pra tocá-la, com direito a “Helter Skelter” logo em seguida, o que dá ênfase a versatilidade de Paul, de uma balada com violão e quarteto de cordas (executados ao vivo por Paul “Wix” Wickens nos teclados) à porrada sonora da segunda, uma das canções precursoras do Heavy Metal. Para terminar de vez, a belíssima suíte “Golden Slumbers/Carry The Weight/ The End.

Toda vez que ele termina um show e diz até à próxima, tenho a certeza que verei novamente um show dele. E que novamente será genial e surpreendente. Long Live Rock’n’Roll, Long live Macca!  




Foto: in(f)ernet Marcos Hermes


4 comentários:

  1. Fala mano, falemos sobre o show desse senhor aí. haha. Pelo fato de eu não ter conseguido ir dessa vez, ando evitando ver foto, video, tudo que se relacione ao show. Mas a postagem no seu blog não dá pra passar batido. "Mrs. Vanderbilt” deu sequência ainda na mesma pegada balada-de-violão-para-ser-dançada-e-cantada-em-coro-(de-preferência-por-pessoas-bêbadas)." hahaha melhor descrição pra essa canção, rs. Gostei. "Juniors Farm", Abe no baixo, "Hi, Hi, Hi", "Lovely Rita", isso é que eu chamo de repertório renovado, gostei. "Let me Roll It" cursiosamente eu não gosto muito dela. Poxa mano. Só não gostei do fato de não ter ido né? Afinal, o hômi falou UAI ou não?

    ResponderExcluir
  2. Então, mano, o ômi falou "uai", "trem bão", pena mesmo você não poder ter vindo no show. "Let Me Roll It" eu gostava muito antigamente, aí parei de ligar pra ela até começar a ver os shows do Paul, ao vivo acho ela muito phoda!

    ResponderExcluir
  3. pena mesmo não ter ido mano, mas quem sabe na próxima? Vou bolar uma campanha pra SP "Paul vem pedir dois pastel e um chopps", quem sabe ele volta né?

    ResponderExcluir
  4. Campanha apoiada! Aqui em BH ele podia também "uma pinga e dois torresmos" hauhauha

    ResponderExcluir