Ganhei este livro de
presente da minha amiga Jéssica numa madrugada de domingo em janeiro passado, poucos minutos após colocar
os pés na cidade de Porto Alegre pela primeira vez. Desconhecia até então a grandeza da
obra de Carpeaux, mas assim que comecei a lê-lo vi que seria um livro
fundamental em minha vida.
Otto Maria Carpeaux
nasceu em 1900 na Áustria onde se formou em Matemática, Física, Química, Filosofia e
Letras na Faculdade de Viena tendo estudado paralelamente História, Sociologia
e Música (sim, você leu certo e o autor do blog não está louco, ele estudou
isso tudo mesmo). Em 1944 naturalizou-se brasileiro, sendo que chegou aqui em 1939 fugindo da ocupação nazista na Bélgica onde havia se estabelecido em 1938 após exilar-se de sua terra natal pelo mesmo motivo.
Publicado originalmente
como Uma Nova História da Música em 1958 pela Editora Zahar e tendo uma edição
atualizada pelo autor em 1968 quando ainda não tinha o pomposo "livro de
ouro" no título acrescentado futuramente pela Editora Ediouro, mas que faz
jus completo ao trabalho do autor que tem ainda o subtítulo Da Idade Média ao Século XX já que Carpeaux defende que a música da Antiguidade não teve influência na música ocidental e define a Idade Média como ponto de partida de sua narrativa. O livro perpassa a história da música
erudita de maneira muito objetiva sendo que além de narrar os
acontecimentos, Carpeaux acrescenta suas visões críticas (embora ele as
apresente como um consenso e eu não concorde com boa parte delas) de cada compositor e estilo, seguindo a ideia de uma linha evolutiva da música ocidental.
Assim como foge da
função didática e das explicações técnicas já que como ele mesmo esclarece na
introdução não destinar a obra especificamente ao músico profissional, ele também
evita as explanações "poéticas" tão comuns quando se trata de falar
da maioria dos compositores eruditos que ganham por aí biografias extremamente
romanceadas por alguns autores (Beethoven talvez seja a maior vítima disso). Mesmo com toda sua erudição, a escrita de Carpeaux é simples e direta (porém, repleta de elegância) nesse livro que serve muito bem como um guia de cada estilo e seus principais
compositores. Nos últimos capítulos
ele inclui uma cronologia de compositores e das obras mais marcantes da
história da música erudita.
Mesmo lido há apenas
um ano atrás, tenho o aberto regularmente e revisitado algumas passagens.
Eu acho um verdadeiro testemunho essa coisa da pessoa que abandona seu país, sua cultura, seus costumes para fugir de guerra, nazismo e vai pra outra cultura, outro idioma, outro tudo e se faz, ergue a si mesmo, poxa incrível. No caso do autor desse livro, poxa, quanta honra ter um gênio entre nós. Grande Doctor Robert, a música erudita anda me perseguindo e a culpa é tua hehe.
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