sábado, janeiro 07, 2012

Vida - Keith Richards (ou Manual de Sobrevivência de um Rolling Stone)



Na tentativa de tirar o atraso do blog que ficou praticamente parado durante todo o ano de 2011 darei uma repassada aqui em alguns shows, lançamentos de discos, livros e acontecimentos no universo do rock e da música em geral ocorridos nesse período. Em alguns casos é só para lembrar, em outros como nos discos e livros fica a dica para quem ainda não ouviu ou leu.

Começo então com uma das melhores leituras do ano que foi a autobiografia de Keith Richards que embora lançada no fim de 2010, eu li em 2011. Com o título simples e incisivo de Vida (Life no original editado pela Little, Brown & Company), o livro foi lançado no Brasil pela Editora Globo. Numa narrativa muito boa (coordenada por James Fox) e recheada de detalhes, ele conta a sua história e a dos Rolling Stones como nenhum biógrafo poderia fazer, do ângulo de quem viu os acontecimentos de dentro; cheio de humor e da boa malandragem que a vida o ensinou.

Mesmo abordando muito o lado pessoal (por mais que eu leia biografias com certa freqüência esse aspecto não costuma ser o que mais me interessa a não ser quando os fatos citados realmente influem e refletem no trabalho do biografado ou fornecem pistas para compreensão de sua obra), Keith capricha nas informações sobre composições e nas gravações da banda, seu estilo de tocar guitarra e ainda alguns dos equipamentos usados por ele. Sem fazer restrições ele solta tudo, desfaz o mito de Brian Jones, fala das drogas de uma maneira aberta e honesta, assim como Clapton fez em seu livro que ao contrário do que se possa pensar, em ambos os casos está muito longe de estimular o seu uso (os dois viveram longos dramas para se livrarem do vício em heroína). Todas as polêmicas em que se envolveu na vida estão lá, as prisões, o casamento conturbado com Anita Pallenberg, as loucuras nas estradas numa época em que os esquemas de segurança eram bem diferentes de hoje, as lendas sobre as supostas trocas de sangue que ele teria realizado (confesso que eu mesmo cheguei a acreditar nisso durante um bom tempo). Ele ainda discorre sobre os desentendimentos com o amigo e parceiro de banda Mick Jagger, mostra um lado talvez inesperado de personalidades como Chuck Berry e Bob Marley e revela a parceria numa canção que começou a fazer com Paul McCartney há poucos anos atrás que acabou esquecida por eles.

Juntando tudo, o que temos é quase um manual de sobrevivência de Mr. Keith Richards (mas não vá tentar usá-lo, tenho a impressão que não daria certo com mais ninguém). Ele jura na orelha do livro que não se esqueceu de nada. Uma pena. Bem que ele poderia se lembrar de mais estórias para contar numa versão atualizada do livro. 

2 comentários:

  1. Grande Doctor Robert. Relatos de astros do rock, o pessoal já associa Sexo, Drogas e Rock n Roll. Eu fico imaginando uma turnê desses caras todos por aí. O que rolava, antes de pensar em hotel, eu imagino os empregados dos hotéis quando eles se hospedavam, o que vinha a mente. No caso de Mr. Keith, Jimmy Page, Keith Moon, todos malucos beleza. John Lennon chegou a comparar as tours dos Beatles com Satiricon de Fellini e tantos outros rockeiros que fizeram a trilha sonora de muita gente por aí. Espero poder ler esse livro, mas tem uns dois na fila, a biografia do Erasmo que eu quero ler de novo e O Diário dos Beatles por Barry Miles. Quando vou a algum sebo ou livraria, vou em primeiro lugar em Biografias. Mas até uma questão para se levantar em post: Porque TODO livro anda na casa dos R$ 50,00? Eu particularmente acho caro.

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  2. Pois é, complicado o mercado editorial brasileiro, os preços dos livros, especialmente lançamentos são bem caros, não sei se é exclusividade do Brasil porque tenho comprado uns importados através de sites gringos e até assusto como sai em conta alguns títulos, acabei de encomendar um dos Beatles de 368 páginas por meras 12 dolletas. Esse livro do Keith eu li emprestado por um amigo, mas pretendo comprá-lo futuramente quando baratear porque está caro mesmo...e aí fica a pergunta clichê: é caro porque vendo pouco ou vendo pouco porque é caro?

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