domingo, março 04, 2012

Só Pra Lembrar: Roberto Carlos – Mineirinho, Belo Horizonte 24/09/2011



Show do Rei é sempre um acontecimento, experiência quase religiosa, esse no caso ainda veio com o peso de ser o primeiro após a histórica apresentação em Jerusalém.  Boa parte do espetáculo seguiu o ritual tradicional, abertura instrumental com a orquestra executando trechos de canções de Roberto que adentra o palco cantando “Emoções”, um dos maiores clássicos de seu repertório, após um “boa noite” com velhas frases conhecidas e decoradas pelo público que às vezes até as fala antes dele como: “que prazer rever vocês, mais uma vez aqui em... (cole aqui o nome da cidade e/ou estado onde ele esteja se apresentando)...” ou “queria dizer muitas coisas no início desse show, mas acho que vou dizer melhor cantando...” dessa vez ele emendou essa frase com a música “Eu te amo, te amo, te amo”, na turnê anterior, essa era a deixa para “Como é grande o meu amor por você” que só foi aparecer no finalzinho do roteiro desse show. E aí começaram alguns problemas técnicos que o fizeram se retirar do palco e que cito no final da postagem. Roberto retornou e cantou “Além do Horizonte”, “Amor Perfeito”, “Cama e Mesa”, de banquinho e violão fez a também já tradicional versão de “Detalhes” (ainda sofrendo com os problemas técnicos no som). Vieram  então “Desabafo”, “O Portão” (que andava meio sumida do repertório), depois a canção que fez para sua mãe, “Lady Laura” que ele diz não cantar hoje com a mesma alegria, porém com mais amor, após sua partida em 2010. Na sequência, “Nossa Senhora”, uma das mais belas canções religiosas composta pela dupla Roberto e Erasmo e “Pensamentos” que eu considero o grande momento do show, canção que ele não cantava há muito tempo, praticamente desde a época de seu lançamento em 1982. “Mulher Pequena”, “Proposta”, “O Côncavo e o Convexo” e “Cavalgada” deram a tônica da faceta de canções mais sensuais de Roberto compostas a partir de meados da década de 1970. Voltando mais dez anos no tempo ele fez um medley com sucessos da época Jovem Guarda, “É Proibido Fumar”, “Namoradinha de Um Amigo Meu”, “Quando” (que eu ainda acho que merece ser interpretada na íntegra em algum próximo show dele), ”E Por Isso Eu Estou Aqui” e “Jovens Tardes De Domingo”. Para fechar a apresentação Roberto cantou “Como É Grande O Meu Amor Por Você”, “É Preciso Saber Viver” e “Jesus Cristo” que acompanhou a habitual distribuição de rosas do cantor para sua platéia.

Quem já foi a um show do Roberto Carlos, acompanhou pela TV ou assistiu a um de seus DVD´s sabe do alto nível técnico da sua produção com ênfase na qualidade do som, a despeito disso, durante quase todo o show, Roberto, banda e público sofreram com problemas no sistema de som, microfonias, problemas no volume, uma série de transtornos inimagináveis numa apresentação dele que levou o artista a se retirar do palco em alguns momentos à espera que os problemas fossem solucionados. O Ginásio do Mineirinho é famoso pelo péssimo som que costuma resultar durante apresentações lá, eu mesmo já deixei de ir a uma apresentação do Deep Purple no local por ter uma experiência anterior em outro show da banda no qual não consegui entender absolutamente nada do som para no dia seguinte ler no jornal que o mesmo aconteceu com Ian Gillan, vocalista da banda. Ainda assim, já assisti a uma série de shows nacionais e internacionais no local, sempre com som sofrível, em alguns dias eu diria que ele esteve “menos pior”, porém nos show do Roberto o som sempre foi perfeito, assustadoramente perfeito, mais ainda em se tratando desse espaço. Desde 1991 suas apresentações na cidade com regularidade praticamente anual têm sido quase todas lá, em raras exceções ele cantou em outros espaços de BH nesse período. Eu sempre duvidei de ditados como “um raio não cai duas vezes no mesmo lugar” e acabei tirando a prova nesse show, apesar de todo o cuidado, do tratamento luxuoso dado à produção de Roberto Carlos, em sua última apresentação na cidade em 2009 no mesmíssimo lugar, o som também apresentou problemas similares. Já ouvi dizer que as passagens de som para uma apresentação do Roberto chegam há durar dez horas ou mais, um dos motivos da precisão sonora que ouvimos durante seus concertos, junto com a qualidade dos equipamentos e excelência da equipe técnica. Enfim, deu saudades das apresentações anteriores a essa e mesmo do som impecável que pude conferir no Theatro Municipal do Rio de Janeiro na ocasião de seu show ao lado de Caetano Veloso homenageando Tom Jobim ou no Teatro do Minascentro aqui mesmo em BH no ano de 1996. O show foi levado até o fim graças à força e carisma do Rei, acredito que por parte da platéia ninguém saiu de lá muito decepcionado com isso, mas não diria o mesmo dele, por todo o cuidado com o qual trata seu trabalho buscando sempre oferecer o melhor ao seu público, Roberto deve ter ficando bastante chateado com essas falhas técnicas durante a apresentação. Como músico (e atuando em produções infinitamente menores), sofro com isso quase toda vez que vou tocar (acreditem, as reclamações de Tim Maia na maioria das vezes não eram de brincadeira ou jogo de cena). Belo Horizonte necessita de um local ideal para apresentações com público superior a quinze mil pessoas (como é o caso de Roberto Carlos, já que parece ser inviável que ele faça uma temporada de várias noites em teatros para públicos menores na cidade) e isso segue nos deixando fora do roteiro de grandes artistas internacionais que devido ao custo de produção precisam de grandes platéias para cobrir os gastos, afinal, Paul McCartney ou Roger Waters pelo menos cogitaram passar por aqui?


Foto: 1. Roberto Carlos distribuindo rosas no fim do show (imagem extraída de uma filmagem do telemóvel); 2. O autor do blog que vos escreve com uma "rosa do Rei" em punho e o grande Antônio Wanderley, pianista da RC9 (banda do Roberto Carlos) desde os anos sessenta.

Aproveito para deixar aqui o link do show de 50 anos de carreira de Roberto Carlos sobre o qual escrevi em 2009 e que está publicado no Site Portal Clube do Rei: http://www.clubedorei.com.br/Articles/detail.asp?iData=631&iCat=823&iChannel=2&nChannel=Articles

4 comentários:

  1. Faz muito tempo que não vou a um show dele, na realidade o que muda são os textos e algumas músicas. O último show dele que eu fui foi o do Pacaembú, que saiu em dvd. Aqui em São Paulo também tem o Ginásio do Ibirapuera. Fui em 98 no show dele, ele cantou entre tantas músicas Eu te Amo Tanto, na ocasião do lançamento do cd no mesmo ano. Mas a acústica lá eu achei sofrível também, não com relação a microfonia ou falhas, mas o resultado final ficou abafado, em certas horas não se entendia algo que ele dizia enfim. Já ouvi algumas reclamações quanto a acústica do local, porém em São Paulo ele costuma fazer shows em outros lugares, lugares menores, mas nesse caso geralmente os preços dos ingressos são pra lá de salgados. Interssante que quando passa pela TV o Criança Esperança, o som é perfeito, limpo, sem muito eco. Em outra ocasião dos 450 anos de SP a Globo fez um baita evento no local e Roberto e o RC9 fizeram um show maravilhoso, pela TV o som estava ótimo. Detalhe, eu não sei se sou eu que fico em lugares não muito estratégicos, mas nunca consegui chegar perto do palco num show dele. Só uma vez na praia, que (interessante tbm) em um lugar totalmente aberto, o som é sempre impecável.

    ResponderExcluir
  2. Pois é, bicho, se não se trata de um teatro com acústica planejada pra eventos musicais, o mais ideal para shows desse porte para platéias maiores são locais abertos, mas quando não é possível sobram os ginásios que sempre apresentam muito eco em função dos materiais refletivos usados na construção como o tipo de piso e até vidros em algumas ocasiões, além de outros fatores acústicos, o que acaba não resultando num som muito bom. A percepção do som também varia de acordo com o local onde você está.

    Vi o Clapton no HSBC Arena no Rio ano passado que tem essa característica de ginásio também, porém o som estava excelente. No caso do Roberto o som também costuma ficar bom, mas tive essa experiência "negativa" nos dois últimos shows dele aqui. De qualquer forma assistir a um show do Rei é sempre algo especial.

    ResponderExcluir
  3. realmente, um show do rei é um show do rei. parabéns pela postagem mano.

    ResponderExcluir
  4. Valeu mano! É muito bacana esse "chat" paralelo que a gente mantém nas nossas postagens.

    Grande abraço!

    ResponderExcluir